Ele há certas crónicas em que se sente como o jornalismo político deste país pode estar tão atrasado quando em comparação com o do futebol. Muito longe vão já os anos em que ainda havia a ousadia de pôr Leonor Pinhão, só por ser jornalista, a escrever sobre um jogo em que participasse o Benfica. Era proverbial a sua falta de objectividade, certo e sabido que, em caso de mau resultado, o Benfica havia de ter saído prejudicado (grosseiramente) pela arbitragem - à antiga - porque os roubos vinham desde sempre. Mas, mesmo que já não se faça disso no futebol e essa função demagógica tenha sido entretanto assignada ao paineleiro radical do programa do dia seguinte (estatuto a que, não por acaso, Leonor Pinhão foi entretanto promovida), no jornalismo político ainda se vive a hipocrisia de fingir não querer perceber quem é que é - e não consegue deixar de ser... - do Benfica, do Porto ou do Sporting. É neste contexto que se devem apreciar alguns textos recentes que Helena Garrido tem vindo a publicar no Observador a respeito da CGD, em que a indignação que ela manifesta com as deficiências das soluções para a resolução do problema da Caixa tem sido manifestamente superior à indignação que ela manifestara originalmente quando da eclosão desse mesmo problema. Ou seja, aparentemente, para ela é pior estar a tentar resolver (ainda que mal) um grande problema, do que tê-lo causado. Não terá lógica mas, se no futebol nada é para ter lógica, este género de discussão política também estará repleta de outras certezas parecidas: a de que os nossos defesas nunca cometem faltas para grande penalidade. Na verdade, intriga-me porque é que os textos de Helena Garrido aparecem na páginas de Economia do Observador, eles nem sobre política são - Viva o Benfica!
Nem sei por onde começar...Talvez pelo facto de o texto da Leonor Pinhão ser numa coluna de opinião em que num dia escrevia ela, noutro um adepto do Sporting e noutro um adepto do FCP. Como é obvio, aqui em Portugal ninguem pode manifestar a mais pequena discordância com o que é decicido pela chamada esquerda, que goza duma infalibilidade só comprada ao dogma católico. Eu acharia piada a comparar ao que se escrevia neste blog há um ano e tal atrás e o que se escreve hoje sobre os mesmos temas. Não tem mal nenhum ter e assumir um lado na discussão, só é triste achar que somos imparciais e colocar-mo-nos como juizes avaliadores da bondade e razão das coisas...
ResponderEliminar«Nem sei por onde começar...»
ResponderEliminarQuando não se sabe por onde começar, o melhor às vezes é... nem começar. Porque há que cuidar que, ao menos, se chega ao fim do texto e se diz algo de substantivo sobre o tema que foi tratado, a saber, a consistência e a exuberância da argumentação de Helena Garrido a respeito dos problemas e das soluções para a Caixa Geral de Depósitos. Sobre isso em concreto, esqueceu-se de me dizer alguma coisa?...
Quanto ao que deixou escrito, avulso, o melhor é mesmo nem começar...
Faço minhas as suas palavras. Sobre a minha observação em concreto esqueceu-se de dizer alguma coisa ?
ResponderEliminarUm grande bem haja e saudações democráticas, que eu prezo a diversidade de opiniões. Sobre o tema da CGD, e dado exercer a minha profissão nesta área há 27 anos, teria muito a dizer, mas nunca em tão poucas palavras. Quanto à observação sobre a dualidade de posições da Helena Garrido, totalmente de acordo, embora ela esteja em boa companhia, nomeadamente a sua e provavelmente a minha. Somos humanos...
Há pessoas que aparecem assim nas redes sociais e nem se tocam.
ResponderEliminarParecem a senhora que ainda há pouco me ligou para o telemóvel a tentar impingir-me o Barclay Card. Eu disse-lhe que não estava interessado no Barclay Card. E ela prosseguiu (como lhe ensinaram), fingindo que não ouvira e perguntando se eu tinha alguma razão para não estar interessado no Barclay Card. E eu retorqui-lhe que tinha mais do que uma razão mas que não lhas ia dizer e perguntei-lhe qual fora a parte da minha resposta («Eu não estou interessado no Barclay Card») que ela não compreendera.
Aqui, o Vasco Nuno é obtuso como a senhora, só que esta ainda tinha a desculpa de estar a ganhar a vida. Não percebe quando a conversa acabou e continua a esticá-la. Eu não quero saber da sua "observação em concreto" para nada. Assim como foi a senhora do Barclay Card que me ligou, foi o Vasco Nuno que cá veio ao meu blogue exprimir a sua (fraca) opinião; percebe a diferença?
Ainda por cima, para o Vasco Nuno confessar no fim que, sobre a minha opinião "sobre a dualidade de posições da Helena Garrido, (está) totalmente de acordo"...
Pelos vistos, tinha-se esquecido mesmo de dizer alguma coisa...
Eu não percebi que a conversa acabou porque me fez uma pergunta. Agora entendo que, à boa maneira de Augusto Santos Silva, o encerramento do tema tinha sido decretado.
ResponderEliminarClaro que fiz asneira. Coloquei-me a jeito para ser insultado. Eu por vir comentar onde não devia e a senhora do Barclaycard por estar a trabalhar. Quem se mete com o Teixeira, leva. Habituem-se...
É a cultura de tolerância e de respeito pelas classes trabalhadoras que serve para preencher discursos e opiniões, mas na prática são uma chatice.
Não se preocupe, não mais o incomodarei.
Tem toda a razão: a pergunta que lhe deixei era retórica e em lado algum assinalei que o era. Eu às vezes gostaria de compreender o que vai na cabeça de algumas pessoas que aparecem a intervir nas redes sociais, como aconteceu consigo. Concordam com o essencial do que lêem – como parece ter sido o caso - mas só se dispõem a intervir numa caixa de comentários para realçarem as discordâncias – «Eu nem sei por onde começar...» – como se retirassem um hipotético reconhecimento intelectual do facto de pensarem de outro modo e acabam por se lamentar por saírem maltratadas do confronto que os próprios iniciaram... Parafraseando-o, encerrando este diálogo precisamente da mesma forma como começou: "Nem sei por onde acabar..."
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