Há algumas histórias olímpicas que, mais do que o facto de eu não acreditar nelas, tornam-se-me antipáticas para além da inverosimilhança. Foi o caso das lágrimas de Renaud Lavillenie, o saltador com vara francês (acima, à direita, a chorar durante a cerimónia protocolar de atribuição das medalhas e enquanto se escutava o hino brasileiro), que perdeu o concurso da disciplina num último salto de sorte do seu rival brasileiro Thiago Braz que se veio a sagrar campeão olímpico. O que terá provocado as lágrimas, e que foi pretexto para inúmeros artigos condenatórios na imprensa, terá sido a hostilidade da assistência brasileira, que o vaiava, e que o próprio chegou a comparar à que fora manifestada em Berlim em 1936 contra Jesse Owens: «desde aí nunca vimos mais nada assim». É muita ignorância, a par de tanta sensibilidade, a do francês. Nos Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980 e na mesma disciplina do salto com vara, a grande disputa final travou-se entre o russo Volkov, que jogava em casa, e o polaco Kozakiewicz. E o público russo portou-se para com este último da mesma maneira antidesportiva como o brasileiro o fez agora no Rio de Janeiro com o atleta francês. A substancial diferença é que foi Władysław Kozakiewicz o vencedor e campeão olímpico. E o que distinguiu tal final de tantas outras finais olímpicas da mesma disciplina foi o gesto - tornado famoso e que Lavillenie, se não conhece, deveria conhecer... - como o novo campeão olímpico saudou na hora da vitória o público que o vaiara (abaixo): com um descomunal manguito - ora aí está quem não chora! As peripécias não acabaram por aí. Já contei a história aqui no blogue. Os soviéticos queriam que o atleta fosse punido, os polacos defenderam-no dizendo que aquilo não passara de um espasmo muscular... Para o que interessa, não me restam dúvidas que, Lavillenie tivesse sido o campeão olímpico, e suspeito que a sua hipersensibilidade dificilmente se teria manifestado e tantas críticas ao comportamento do público brasileiro ficariam por contar. Embora os jornalistas, que tanto opinaram sobre este episódio, fossem obrigados a saber como Renaud Lavillenie é até pessoa de lágrima fácil: ainda há três anos isso já acontecera, só que aí fora a protestar contra a decisão dos jurados... Não só parece mau perder, até faz lembrar a Linda de Suza.
Esqueceu de dizer que esse francês aí nem cumprimentou o brasileiro. Bonito em!
ResponderEliminarEsqueceu de ler que eu termino dizendo que a atitude parece mau perder. Isso explica tudo o resto, a falta do cumprimento também.
ResponderEliminarE pela forma como tem comentado por aqui, você também não me parece pessoa que possa dar lições de boa educação para ninguém, né?