05 agosto 2016

SE CALHAR, JÁ NEM AS COISAS SÃO EM FORMA DE ASSIM

Para se constatar como é assim que as coisas se dissolvem no ar, ainda há três dias apareciam duas notícias ribombantes no noticiário nacional: a) que o IMI passava a contemplar a vista e a exposição solar dos imóveis: b) que havia um juiz que o ministério da Educação solicitara que fosse substituído por parcialidade no contencioso que mantem com os colégios privados. No primeiro caso, veio-se a descobrir que não era bem assim, que os coeficientes para o cálculo do imposto se mantinham e que o que fora legislado havia sido uma alteração da ponderação de um desses coeficientes. Já há muito que o sol entrava para os cálculos do IMI. No segundo caso também não era bem assim, o juiz que seria pai da tal criança que estudava num dos colégios envolvidos pela sua sentença afinal não tinha lá nenhuma filha. O juiz podia ser faccioso, mas não o seria por causa da filha. E porque a melhor defesa nestas coisas assim é o contra-ataque, no dia seguinte lá se desenterrou do meio do contencioso uma outra juíza que ajuizara de forma antagónica, e que se descobria ter sido dirigente socialista. Assim se encerram as grandes controvérsias da actualidade. Hoje ninguém que saber delas. Dois juízes acusados de parcialidade parecem anular-se se a parcialidade for antagónica e, depois das ironias que se leram sobre ter o Sol a pagar imposto, ninguém parece interessado em elaborar que, se o IMI é um imposto autárquico, os autarcas dos partidos críticos tem os instrumentos para não refletir as alterações promulgadas no contribuinte. Hoje já se está noutras coisas (as viagens pagas para ir ver o euro estão a ter muita saída), mas pergunto-me se as coisas que outrora, há mais de trinta anos, Alexandre O'Neill concebera poeticamente em forma de assim, ainda hoje têm essa mesma forma, ou se já passaram a ser só assim, desformatadas...

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