20 agosto 2016

GOA A DOURADA

Cinquenta anos depois da incorporação na Índia, este mapa que mostra, segundo o censo de 2011, a proporção de cristãos existente nos vários subdistritos (taluka) do estado indiano de Goa, constituirá um bom auxiliar para evidenciar alguns aspectos da presença portuguesa de 450 anos (1510-1961). A percentagem de cristãos em Goa tem vindo a decrescer sustentadamente, desde os 34% contados no censo de 1971 (o primeiro a ser realizado sob a égide da Índia - e que, ao contrário de Portugal, não teria qualquer razão para empolar o número de cristãos) até aos 25% que foram apurados neste último censo de 2011. Note-se porém a heterogeneidade da distribuição, de como as cores mais carregadas coincidem com as talukas junto à costa e próximas do estuário combinado do Mandovi e do Zuari. Em geral, correspondem às Velhas Conquistas, aquelas que foram realizadas originalmente no Século XVI por Albuquerque e os seus sucessores imediatos. Se o Império português no Oriente chegou a ser enorme por causa das rotas comerciais que controlava, constata-se que nem mesmo ao redor da sua capital, Goa, a Dourada (como era então apelidada), os portugueses tinham os recursos humanos, os meios materiais ou a vontade política para se expandirem territorialmente de forma significativa. As velhas conquistas são menos extensas que o menor dos distritos portugueses. Coisa outra foi o esforço alocado, pela evangelização, na aculturação dos habitantes. Notável nesse aspecto, é ainda hoje o caso da taluka de Salcete - cuja capital é Margão. Ao longa da costa do Malabar, é a unidade administrativa em que a proporção de cristãos é mais elevada, chegando os cristãos a constituir a maioria absoluta da população. Essa proporção de cristãos ainda é mais acentuada (75%) nas áreas rurais, numa demonstração de como o cristianismo permanece enraizado naquelas paragens.

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