11 agosto 2016

O ABRAÇO DO PRESIDENTE

Seria impensável a um qualquer comum mortal abraçar assim Eanes - sempre severo, ficaria o temor de ainda receber umas descompostura por estar a chorar. Em contraste, Soares só se disporia a deixar que isso acontecesse se o próprio Soares estivesse em campanha - quando até um anão terá beijado. Ainda num contraste suplementar e distinto, ninguém conceberia alguém ir chorar para o ombro de Sampaio, o inverso é que seria provável, da parte do presidente que se estava sempre a emocionar. E sobre Cavaco, e porque as memórias são frescas e as sínteses prematuras, o melhor é não fazer considerações. Mas não, nem a Cavaco Silva nem a nenhum dos seus predecessores se está a imaginar uma fotografia genuína com esta expressividade e com esta intimidade, que não se percebe abusadora, do governado no seu governante. Há o lado humano da fotografia mas também não nos podemos esquecer do impacto propagandístico desta photo-op, porque nada do que nos é dado ver, ainda que de quanto em vez caricato, pode ser levado apenas por inocente. Ainda não se passaram seis meses depois da posse, mas eu, sempre troçando, não antevejo até onde nos pode conduzir este estilo marcelista de exercer a função presidencial. Mas, seja qual for o desfecho, parece indiscutível que Marcelo é one of a kind. A fotografia é de João Porfírio.

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