07 agosto 2016

«SCHEIßE MIT REIS (UND CORIANDER)»

Se as identidades de alguns que aceitaram e de alguns que recusaram os convites da GALP estão a ser libertadas selectivamente para a comunicação social, seria natural que o grande furo jornalístico seria obter a lista completa dos convidados que se deslocaram a França para assistir aos jogos da selecção portuguesa a expensas daquela empresa - os que foram e os que não quiseram ir. Mais: não terei sido certamente o único a pensar nisso, nem o único céptico quanto às probabilidades que essa interessante lista venha a ser conhecida em tempo mediaticamente útil, com ou sem o consentimento oficial da GALP - há o jornalismo de investigação e há as realidades portuguesas. Será por situações como esta que há a percepção que o jornalismo parece ter sido completamente capturado pelos interesses económicos e pela política deles dependente, deixando de desempenhar as funções (teóricas, de escrutínio) que dele se esperariam.

Estas situações fazem-me lembrar uma expressão improvável do alemão: scheiße mit reis, à letra merda com arroz. Se a analogia de comparar a política com merda já vem entre nós de tempos antigos (na política, a merda é sempre a mesma, só as moscas é que mudam - ditado popular) e se o arroz sempre foi um acompanhamento que vai bem com tudo, não me parece descabido fazer equivaler a comunicação social ao dito arroz no seu esforço (vão) de querer tornar tragável aquilo que não o é. Para o fazer melhor, juntou-se ao conjunto nos últimos anos aquilo que desempenhará o papel dos coentros (und coriander) na mistela: um retoque de tempero, que aromatiza com alguma argumentação aquilo que normalmente até é transparente: são as chamadas agências de comunicação - que neste caso devem estar a aconselhar a sua cliente GALP a tentar passar o mais desapercebida possível e não é a deixar fugir a lista de convidados que isso acontece...

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