
É evidente que ninguém conhece estas organizações porque a grande comunicação social norte-americana também não lhes dá qualquer relevo, o que, por sua vez, lhes dá uma expressão eleitoral irrisória, num ciclo contínuo de importância marginal. Nós próprios, até já nos esquecemos como também possuímos umas organizações do mesmo género, agrupadas numa coligação designada
UDA/PDA (símbolo abaixo), proponentes das independências açoriana e madeirense.

Um dos métodos comprovados para que as organizações separatistas marginais saiam desse anonimato consiste em passarem a ser violentas. E às vezes têm imenso sucesso a fazer isso: veja-se o que acontece com a
ETA (abaixo) no País Basco. Contudo, o facto de ali vigorar uma democracia eleitoral, permite escutar a opinião popular para além da espectacularidade das acções terroristas: as organizações que defendem eleitoralmente a conduta da
ETA nunca obtiveram mais de 20% dos votos.

Pode nem sempre ser assim. Em 1981, o
IRA irlandês aproveitou uma eleição intercalar, para
fazer concorrer um dos seus militantes que estava aprisionado e que o poder político britânico, para efeitos de propaganda, equiparava a um delinquente comum. Para grande embaraço das autoridades, o
delinquente foi eleito deputado, embora não tivesse sido libertado para que pudesse ocupar o seu lugar, e o Parlamento britânico viu-se forçado a aprovar rapidamente legislação que evitasse a repetição da cena…

Como se vê pelo que aconteceu no exemplo britânico, não costuma haver intervenientes ingénuos nestas questões do separatismo, mas suponho que quando não se atinge um limiar mínimo de liberdades reais na luta separatista, acaba por se legitimar o emprego da violência terrorista. Relembre-se que foi sob essas condições que outrora a
ETA e o
IRA prosperaram e é também nessas mesmas condições que tem de ser apreciada a luta política que recentemente se reacendeu no Tibete.
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Muito mais longe dos cabeçalhos dos jornais do que o Tibete, a China tem estado a conquistar posições
no outro lado dos Himalaias, no Nepal, onde o
Partido Comunista do Nepal (Maoista - acima), que
ocupa cerca de 25% da Assembleia Legislativa nepalesa, se tem destacado na
transformação do regime ali vigente de uma Monarquia constitucional para uma República. É neste quadro de subtis movimentações geoestratégicas que seria de esperar que houvesse uma reacção do seu rival indiano, cujos efeitos agora observamos.

A fragilidade da presença chinesa no Tibete assenta em características que são próprias ao carácter anti-democrático da sua ocupação. Não fosse assim, e a China poderia vir a retaliar de forma simétrica com efeitos semelhantes, apoiando movimentos separatistas entre os seus rivais, seja no
estado indiano de Arunachal Pradesh, seja nos norte-americanos do Hawaii ou do Alaska. Se isso não acontece é porque a expressão eleitoral continua a ser o melhor dissuasor das tendências separatistas mas a China não se atreve a fazê-lo no Tibete.
Para já, nem a China, nem a Rússia, nem a Turquia, nem o Iraque, nem a Indonésia.
ResponderEliminarMais tarde se verá como vai ser na Itália, na Espanha e quem sabe no Reino Unido. É que a história move-se.
(O Alberto João está atento ao movimento…)