A prática dos exércitos se dedicarem a grandes manobras militares, numa espécie de ensaio geral das guerras futuras, deve ser bastante antiga: há relatos que já os romanos a aplicavam. Mas desde sempre, como acontece também com aqueles jogos de cartas que se jogam a sós, chamados paciências, o sucesso das lições que se podem extrair dessas manobras depende muito se o próprio organizador se permite ou não fazer batota durante o jogo. É que, se se condicionar o comportamento do inimigo (o IN, normalmente assinalado a vermelho) àquilo que dele esperamos, então as nossas tropas (NT, normalmente assinaladas a azul) prevalecerão.

Depois veio a Segunda Guerra Mundial e aconteceu o que aconteceu: nem o exército francês tinha o treino ofensivo para que pudesse colocar o exército alemão entre duas frentes logo em Setembro de 1939, nem a flexibilidade defensiva suficiente para reagir a uma ruptura da frente como a que aconteceu em Maio de 1940. Para quem pense que a lição foi aprendida, note-se que, apesar das manobras militares da NATO na Alemanha, em 1968, por ocasião da invasão da Checoslováquia, mesmo que os decisores políticos ocidentais tivessem querido decidir de outro modo, não havia quaisquer solução militar para aquelas circunstâncias…

É um texto extenso (mais de oito mil caracteres na primeira parte, outro tanto na segunda), será descabido rebatê-lo em extensão num poste. Em compreensão, a primeira parte tem um início que o afecta irremediavelmente na sua credibilidade, com um preâmbulo a referir-se a uma quase perseguição por delito de opinião aos que apoiam a decisão da invasão, a fazer lembrar os saudosos sound bites de Paulo Portas, por acaso, um seu inimigo de estimação… E, se o terreno escolhido para as manobras é o da hostilidade ao redor do autor, o inimigo escolhido parece ser a extrema esquerda, onde há normalmente muito mais folclore ideológico do que substância…

A continuação do texto, publicada hoje, dedica-se, por sua vez, à questão da existência das armas. Usando a síntese escolhida pelo próprio jornal: Não houve mentiras porque Bush e Blair estavam convencidos de que as armas de destruição maciça existiam no Iraque. Tomo a liberdade de admitir que José Pacheco Pereira nem se tenha apercebido dos limites que pode atingir uma argumentação que se baseie nos convencimentos dos protagonistas da História. Ironicamente, poderá o Holocausto receber alguma espécie de justificação se se considerar que Hitler e Himmler estavam convencidos que os judeus eram uma raça inferior?...

Creio que hoje já nem Durão Barroso acredita nessa anedota!
ResponderEliminarCreio que P.P. ainda tem reminiscências das suas crenças originais que provocam estas coisas...
Creio que é excessivamente contraditório demonstrar tanta frieza e distanciamento quando se escreve a respeito de causas que não se apoiam, e tanta falta deles nas outras...
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