Há imensos actos eleitorais esquecidos. Todos aqueles que decorreram debaixo de regimes ditatoriais, onde não se punham dúvidas sobre qual seria o seu desfecho final, foram normalmente depois despejados para o caixote de lixo da história. Quais as dúvidas sobre o resultado do referendo promovido na Áustria em 1938, sobre a opinião dos austríacos quanto à sua anexação pela Alemanha (Anschluss) entretanto realizada, quando o próprio boletim de voto tinha a configuração que se observa em baixo?
Mas os dois actos eleitorais que quero destacar, realizados, um em condições plenas e outro em condições razoáveis de liberdade, são diferentes dos demais por terem demonstrado uma vontade popular surpreendente, tendo em conta as circunstâncias históricas que os rodearam e daí terem sido, por isso mesmo, posteriormente ignorados. Começando pelo mais recente, serão poucos os que se recordam ainda que houve um Referendo no Reino Unido onde foi validada a adesão do país à CEE...
Realizado em Junho de 1975, em pleno PREC português, como resultado, cerca de 67% dos britânicos pronunciaram-se na altura favoravelmente pela adesão, resultado que é frequentemente esquecido quando se agita a bandeira do tradicional eurocepticismo britânico... E por ter falado em PREC, vem mesmo a propósito referir que o outro acto eleitoral a que me pretendo referir foram as eleições para a Assembleia Constituinte russa, que tiveram lugar em Novembro de 1917, já depois da famosa Revolução de Outubro…
Conforme se constata pela gravura acima, os grandes vencedores dessas eleições foram os membros doutro partido revolucionário russo, os Socialistas Revolucionários (SRs), que receberam naquele acto mais de 40% dos votos e ficaram com cerca de 50% dos lugares. Só depois é que apareciam os bolcheviques de Lenine com quase 25% dos votos e lugares. Quem conheça os métodos comunistas adivinhará decerto que esta Assembleia Constituinte nunca se veio a reunir e também a razão porque estas eleições foram depois esquecidas…
Realizado em Junho de 1975, em pleno PREC português, como resultado, cerca de 67% dos britânicos pronunciaram-se na altura favoravelmente pela adesão, resultado que é frequentemente esquecido quando se agita a bandeira do tradicional eurocepticismo britânico... E por ter falado em PREC, vem mesmo a propósito referir que o outro acto eleitoral a que me pretendo referir foram as eleições para a Assembleia Constituinte russa, que tiveram lugar em Novembro de 1917, já depois da famosa Revolução de Outubro…
Conforme se constata pela gravura acima, os grandes vencedores dessas eleições foram os membros doutro partido revolucionário russo, os Socialistas Revolucionários (SRs), que receberam naquele acto mais de 40% dos votos e ficaram com cerca de 50% dos lugares. Só depois é que apareciam os bolcheviques de Lenine com quase 25% dos votos e lugares. Quem conheça os métodos comunistas adivinhará decerto que esta Assembleia Constituinte nunca se veio a reunir e também a razão porque estas eleições foram depois esquecidas…
A. Teixeira:o Plebiscito/referendo ou lá o que foi aquilo, da CRP de 1933 é em (quase) tudo similar aos Anschluss, especialmente na parte de que, quem votava em branco ou nulo; os votos contavam como sendo "SIM" à nova constituição...
ResponderEliminarTendo em conta a pré realização do referendo de 1933, será que os Nazis não se terão inspirado aperfeiçoando-o...( isto é um arremedo de teoria da conspiração...)
Dissidente-x
Realmente é um facto que a nossa memória é curta e , de vez em quando, é bom reavivá-la. Interessante mesmo é o aspecto gráfico do boletim de voto do referendo de 1938 na Áustria. Que subtil!
ResponderEliminarDissidente: o resultado do referendo austríaco foi de 99,73% de votos favoráveis entre os votantes e de 99,37% entre os eleitores registados, nada daquelas "baldas" portuguesas, como a de 1933, onde, de 1.700.000 eleitores, "apenas" 1.213.000 é que foram votar - e apenas 6.000 negativamente.
ResponderEliminarMais do que a "subtileza" assinalada pela Donagata, há que destacar a "proeza" dos resultados (45,5 milhões de votos favoráveis a Hitler em 46,5 milhões possíveis, no referendo de 29 de MArço de 1936) que são de atribuir à reputada "eficácia" germânica.