O Vaticano nem chega a ser uma cidade-estado, é apenas um estado que é um pedaço de cidade. A cidade é, evidentemente, Roma, que, depois de ter sido a capital do Império Romano, tem sido ao longo dos séculos* o local de residência tradicional do Papa, o Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. E o que se designa hoje por Estado da Cidade do Vaticano são os pequenos vestígios remanescentes das possessões que o Papa possuiu outrora no centro da Itália (veja-se o mapa abaixo).
Os vestígios são mesmo pequenos: trata-se do mais pequeno estado do mundo em extensão, com uma área que não chega a atingir 1 Km². No total, são apenas 440 hectares, a maioria fazendo parte do tecido urbano de Roma (como a Praça de São Pedro – abaixo), algumas igrejas e palácios da cidade e as áreas que rodeiam o palácio de férias do pontífice, situado em Castelgandolfo, e aquelas onde se localizam as instalações da Rádio Vaticano (Santa Maria de Galeria), ambas nos arredores de Roma.
A população tem uma dimensão correspondente: 785 habitantes, segundo os dados de 2004, a maioria a partir de pessoas que adquiriram a cidadania. Dada a natureza do Estado, a taxa de natalidade é, necessariamente, baixa… Claro que uma estrutura destas nunca pôde subsistir sem a cumplicidade da Itália, apesar de terem mediado 59 anos de disputas (1870-1929), até que sob o pontificado do Papa Pio XI, se viessem a assinar os Tratados de Latrão com a Itália, reconhecendo afinal o status quo existente.
O que, entre outras coisas, aqueles Tratados formalizavam, era a existência do Vaticano como um Estado Soberano, que lhe permite, por exemplo, continuar a manter relações diplomáticas em pé de igualdade com quaisquer outros países. Os núncios apostólicos (são assim que se designam os embaixadores do Vaticano no exterior) são um jogo de faz-de-conta formal, muito parecido com o do grupo parlamentar de Os Verdes no parlamento português: o Vaticano é um país que não existe realmente e os Verdes são um partido que também não…
O sistema de governo do Vaticano é relativamente simples: existe um monarca, que é eleito numa cerimónia cujos rituais datam da Idade Média, que incluem sinais de fumo (acima), e a sua eleição é para o resto da sua vida. Embora possível, foram muito poucos os casos em que um Papa abdicou. E o seu poder é absoluto. Adicionalmente, a legislação em vigor estabelece que, quando ele se pronuncia sobre certos temas – a escrever sobre fé ou moral, por exemplo – é considerado infalível. Privilégio que, decerto, suscitará invejas aqui na blogosfera…
Sendo um poste dedicado ao Estado do Vaticano, a verdade é que ele acaba por se centrar na figura do Papa, porque afinal toda a história do Estado não tem qualquer razão de ser sem ele. O Vaticano é um pretexto para conferir uma dignidade secular formal a um Chefe religioso**. Mesmo a famosa Guarda Suíça (acima), cujos efectivos rondarão os 100 elementos e que se tornou uma das imagens visuais mais fortes do Vaticano, é uma organização que não se destina a defender o Estado, mas apenas o seu Chefe…
* Excepto durante o período de 1309 a 1377, quando vários Papas residiram em Avinhão, no Sul de França.
** Situação que falta, por exemplo, ao Dalai Lama.
A população tem uma dimensão correspondente: 785 habitantes, segundo os dados de 2004, a maioria a partir de pessoas que adquiriram a cidadania. Dada a natureza do Estado, a taxa de natalidade é, necessariamente, baixa… Claro que uma estrutura destas nunca pôde subsistir sem a cumplicidade da Itália, apesar de terem mediado 59 anos de disputas (1870-1929), até que sob o pontificado do Papa Pio XI, se viessem a assinar os Tratados de Latrão com a Itália, reconhecendo afinal o status quo existente.
O que, entre outras coisas, aqueles Tratados formalizavam, era a existência do Vaticano como um Estado Soberano, que lhe permite, por exemplo, continuar a manter relações diplomáticas em pé de igualdade com quaisquer outros países. Os núncios apostólicos (são assim que se designam os embaixadores do Vaticano no exterior) são um jogo de faz-de-conta formal, muito parecido com o do grupo parlamentar de Os Verdes no parlamento português: o Vaticano é um país que não existe realmente e os Verdes são um partido que também não…
O sistema de governo do Vaticano é relativamente simples: existe um monarca, que é eleito numa cerimónia cujos rituais datam da Idade Média, que incluem sinais de fumo (acima), e a sua eleição é para o resto da sua vida. Embora possível, foram muito poucos os casos em que um Papa abdicou. E o seu poder é absoluto. Adicionalmente, a legislação em vigor estabelece que, quando ele se pronuncia sobre certos temas – a escrever sobre fé ou moral, por exemplo – é considerado infalível. Privilégio que, decerto, suscitará invejas aqui na blogosfera…
Sendo um poste dedicado ao Estado do Vaticano, a verdade é que ele acaba por se centrar na figura do Papa, porque afinal toda a história do Estado não tem qualquer razão de ser sem ele. O Vaticano é um pretexto para conferir uma dignidade secular formal a um Chefe religioso**. Mesmo a famosa Guarda Suíça (acima), cujos efectivos rondarão os 100 elementos e que se tornou uma das imagens visuais mais fortes do Vaticano, é uma organização que não se destina a defender o Estado, mas apenas o seu Chefe…
* Excepto durante o período de 1309 a 1377, quando vários Papas residiram em Avinhão, no Sul de França.
** Situação que falta, por exemplo, ao Dalai Lama.
Muito bem observado... e explicado!
ResponderEliminarCreio que o problema da natalidade não existia no tempo dos Bórgias e, se a dinastia tivesse tido sucesso, ainda nem precisaria de menção.
Quanto à estada em Avinhão, merece uma referência especial: Chateauneuf-du-Pape!
Um tinto que, com uma graduação acima dos 14º, leva qualquer apreciador aos céus!!!
Pode ter sido por isso que originalmente as cores papais originalmente eram amarelo e... vinho.
ResponderEliminarSó no princípio do Século XIX é que passaram para amarelo e branco. Mas isso é uma outra história...