13 março 2008

A AVALIAÇÃO DO PODER MILITAR

Em quantidade: instrumento militar gigantesco. Organização, equipamento e meios de comando: medíocres. Princípio de comando: bom. O próprio comando: demasiado jovem e inexperiente. Ligações e transmissões: más. Sistema de transporte: mau. Unidades militares: desiguais e sem iniciativa. Os próprios soldados: bom espírito, contentam-se com muito pouco. Qualidades combativas: duvidosas. No total, a nação russa não é um adversário para um exército modernamente equipado e superiormente comandado…
Estas são as conclusões finais de um estudo de avaliação que foi elaborado pelo Alto Comando das Forças Armadas alemãs (OKW*) em Dezembro de 1939 sobre o Exército Vermelho, depois dos fracassos iniciais deste último na sua Guerra contra a Finlândia. É um documento significativo, considerando os desenvolvimentos posteriores que a Segunda Guerra Mundial veio a registar, mas note-se como neste documento, redigido por profissionais, predominam as apreciações qualitativas sobre o elemento humano da Guerra.
Ao contrário dos livros sobre armamento, como o reputado Jane´s retratado acima, que é uma espécie de sucessor longínquo do Wujing Zongyao, o tratado que mencionei na parte final do meu poste sobre a China dos Song, a avaliação do poder militar é muito mais do que um catálogo com as características do armamento. O poder militar resulta da combinação da tecnologia com as habilidades humanas; esquecer o elemento humano leva a que o poder militar considerado seja o potencial, em vez daquele que realmente existe.
A opinião acima é de Bernard Fook Weng Loo (acima e é uma coincidência engraçada tratar-se de um singaporeano de ascendência chinesa) e foi manifestada num artigo ontem publicado no ISN de Zurique, a respeito da simplicidade de contar e descrever as características dos armamentos versus as dificuldades de avaliar os vários parâmetros subjectivos do elemento humano que os usam, para uma avaliação do poder militar. Mas, como se percebe pelo estudo profissional da OKW*, a segunda parte é que é a essencial…

Em caso de necessidade tudo é avaliável e tudo é passível de avaliação. Ao contrário do que António Barreto e Vasco Pulido Valente possam ter escrito, desde o estado de espírito de todo um exército, até o desempenho dos professores…

* Oberkommando der Wehrmacht

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