Uma notícia saída hoje na página 22 do Público começa pelo seguinte parágrafo:
Um conjunto de escutas telefónicas divulgadas este mês comprova que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que actua sobretudo no estado de São Paulo, tenta substituir-se à polícia e à justiça e organiza tribunais paralelos. É frequente as punições resultarem na morte do prevaricador e é cada vez mais comum o recurso a este tipo de tribunais para resolver casos de furto, dívidas e até de adultério. As transcrições de algumas conversas atestam que os líderes do PCC, por norma a partir do interior de prisões, julgam, condenam e punem pessoas que desrespeitam as regras da organização ou cometem crimes. O PCC parece ser muito mais do que apenas uma organização criminosa, conforme a notícia refere. Ao pretender substituir-se às autoridades administrativas e judiciais da República Federativa do Brasil, o PCC parece assemelhar-se muito mais às organizações nacionalistas que lideraram as insurreições anti-coloniais dos anos 50, 60 e 70 do século passado, do que às organizações criminosas clandestinas clássicas. Não deixa de ser irónico que isso esteja a acontecer num país onde as chefias militares sempre recearam a subversão comunista, e agora estejam a perder a guerra da contra-subversão contra uma organização que embora pareça ter um projecto de poder, não parece que tenha qualquer projecto ideológico…
Um conjunto de escutas telefónicas divulgadas este mês comprova que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que actua sobretudo no estado de São Paulo, tenta substituir-se à polícia e à justiça e organiza tribunais paralelos. É frequente as punições resultarem na morte do prevaricador e é cada vez mais comum o recurso a este tipo de tribunais para resolver casos de furto, dívidas e até de adultério. As transcrições de algumas conversas atestam que os líderes do PCC, por norma a partir do interior de prisões, julgam, condenam e punem pessoas que desrespeitam as regras da organização ou cometem crimes. O PCC parece ser muito mais do que apenas uma organização criminosa, conforme a notícia refere. Ao pretender substituir-se às autoridades administrativas e judiciais da República Federativa do Brasil, o PCC parece assemelhar-se muito mais às organizações nacionalistas que lideraram as insurreições anti-coloniais dos anos 50, 60 e 70 do século passado, do que às organizações criminosas clandestinas clássicas. Não deixa de ser irónico que isso esteja a acontecer num país onde as chefias militares sempre recearam a subversão comunista, e agora estejam a perder a guerra da contra-subversão contra uma organização que embora pareça ter um projecto de poder, não parece que tenha qualquer projecto ideológico…
Digamos que há como que uma ética do delito comum.
ResponderEliminarJá no tempo da ditadura militar, as respectivas chefias sempre se preocuparam mais com a chamada subversão política ou "comunista", como lhes era mais cómodo afirmar.