Durante o reinado do imperador Justiniano (527-565), procedeu-se à última tentativa por parte do Império Romano do Oriente de reconstituir a estrutura nuclear de todos os países ribeirinhos do Mediterrâneo, que parecia ter sido o segredo do extenso período de prosperidade do período imperial, propiciada por uma espécie de globalização regional, mas onde ela estava submetida a uma mesma autoridade política.
Se os créditos dessa façanha política são atribuídos ao imperador, as proezas militares são de dois dos seus generais, Belisário e Narses. Trata-se de figuras completamente distintas e cujos desempenhos não se sobrepõem porque o segundo veio a substituir o primeiro no cargo. Mas, nos relatos históricos, a pessoa e nome de Belisário tem até alguma notoriedade, pelo contrário, a de Narses passa desapercebida.
Se os créditos dessa façanha política são atribuídos ao imperador, as proezas militares são de dois dos seus generais, Belisário e Narses. Trata-se de figuras completamente distintas e cujos desempenhos não se sobrepõem porque o segundo veio a substituir o primeiro no cargo. Mas, nos relatos históricos, a pessoa e nome de Belisário tem até alguma notoriedade, pelo contrário, a de Narses passa desapercebida.
O território original do Império do Oriente está a vermelho. As reconquistas estão a cor-de-laranja.
Terá ajudado a essa notoriedade o facto do assessor de Belisário ter sido Procópio de Cesareia, o principal historiador cuja obra sobreviveu sobre a época de Justiniano. Baseado nas narrativas de Procópio, o britânico Robert Graves (de quem aqui já falei anteriormente como autor de Eu, Cláudio) escreveu uma (desapontante) biografia de Belisário. Mas o contraste com as referências a Narses é notório.
Ajustando-nos a referências modernas, Justiniano era um romeno, embora nascido na Sérvia, Belisário possivelmente um greco-albanês mas nascido na Bulgária e Narses nascera na Arménia, embora a sua família fosse de origem iraniana. Enquanto Belisário era um militar de carreira desde jovem, Narses teve uma longa carreira no Palácio em Constantinopla e tinha já 74 anos quando assumiu um comando militar em Itália.
Ajustando-nos a referências modernas, Justiniano era um romeno, embora nascido na Sérvia, Belisário possivelmente um greco-albanês mas nascido na Bulgária e Narses nascera na Arménia, embora a sua família fosse de origem iraniana. Enquanto Belisário era um militar de carreira desde jovem, Narses teve uma longa carreira no Palácio em Constantinopla e tinha já 74 anos quando assumiu um comando militar em Itália.
No entanto, quando chamado a comandar o teatro de operações italiano, registou três vitórias em três anos consecutivos em batalhas contra os germanos, 552, 553 e 554*. Mas, contra este registo militar impressionante, parece haver algo que afecta as alusões reverenciais às proezas militares de Narses… E não é o facto de ele ser de origem asiática e oriental, mesmo considerando a natureza naturalmente oriental do império de Constantinopla…
Nem tão pouco será a sua idade ou especulações sobre a forma intriguista como terá obtido o comando do exército, possivelmente pelo seu valimento junto da Corte em Constantinopla… É que Narses era um eunuco a quem haviam cortado os testículos e isso parece ser uma característica embaraçosamente desenquadrada dos valores militares intemporais dos exércitos e, especialmente, dos valores tão propagandeados pela cavalaria medieval, onde o valor militar era associado à presença dos ditos…
* As batalhas, respectivamente, de Tagina, do Vesúvio e do Volturno.
Nem tão pouco será a sua idade ou especulações sobre a forma intriguista como terá obtido o comando do exército, possivelmente pelo seu valimento junto da Corte em Constantinopla… É que Narses era um eunuco a quem haviam cortado os testículos e isso parece ser uma característica embaraçosamente desenquadrada dos valores militares intemporais dos exércitos e, especialmente, dos valores tão propagandeados pela cavalaria medieval, onde o valor militar era associado à presença dos ditos…
* As batalhas, respectivamente, de Tagina, do Vesúvio e do Volturno.
Parece que poucos leem o Belisarius de Robert graves.
ResponderEliminarmAs eu gostei imenso od livro. Ele luta csó contra o resto dom mundo e não se sai mal. Por que razão diz desapontante ?
Sempre gostando de o ler, tanto que reproduzimos em www.somosportugueses.com o seu A CAÇADA . Fantástico álbum
Peço desculpa por só agora lhe responder, foi tão só logo depois ter visto o comentário.
ResponderEliminarHá alguma injustiça no adjectivo desapontante com que qualifiquei a biografia de Belisário. Não tivesse Robert Graves escrito sobre Cláudio e reconheço que teria sido menos exigente com ele...
Mas também por se chamar Robert Graves eu ia à procura de mais qualquer coisa, uma concepção sua do AMBIENTE que vigorava entre as elites romanas orientais do Século VI. E isso, ele não foi capaz de me dar...
Nesse aspecto e para esse AMBIENTE, terá sido mais bem sucedido Gore Vidal com a biografia de Juliano (embora dois séculos mais cedo).