Considero-me um leitor e apreciador de BD suficientemente assíduo e antigo para poder eleger com alguma propriedade aquela que considero a melhor prancha que tive oportunidade de ler. Trata-se da prancha 14 do álbum O Presente de César, o 21º da famosa série de aventuras de Astérix, da autoria de Goscinny e Uderzo. A prancha em questão tem dez desenhos e começa com a inauguração de uma nova estalagem na aldeia, propriedade de Ortopedix e sua mulher, Angina, que haviam sido enganados num mau negócio com um ex-legionário romano, a quem César pregara uma partida, doando-lhe a famosa aldeia gaulesa.
O que a prancha possui de extraordinário é que recorrendo apenas aqueles escassos dez desenhos consegue transmitir a disposição ambiente, descrevendo a evolução do humor de três parelhas simultaneamente: Ortopedix e o chefe Abraracourcix, que haviam simpatizado instintivamente um com o outro, as respectivas mulheres, Angina e Caralinda, que, pelo contrário, antipatizaram mortalmente uma com a outra, numa disputa feroz pelas importâncias dos seus maridos e os indispensáveis Cetautomatix (o ferreiro) e Ordralalfabétix (o peixeiro), discutindo o sempre eterno problema do cheiro a peixe, com as consequências do costume…
No canto inferior direito (clicar em cima da imagem para a aumentar), em previsão do que será o teor da próxima prancha, ainda há espaço para vermos um Ortopedix anunciando e servindo uma apaziguadora - mas já muito tardia... - rodada geral enquanto um enorme peixe voador arremessado por um indeterminado se lhe dirige directamente para a cara…
O que a prancha possui de extraordinário é que recorrendo apenas aqueles escassos dez desenhos consegue transmitir a disposição ambiente, descrevendo a evolução do humor de três parelhas simultaneamente: Ortopedix e o chefe Abraracourcix, que haviam simpatizado instintivamente um com o outro, as respectivas mulheres, Angina e Caralinda, que, pelo contrário, antipatizaram mortalmente uma com a outra, numa disputa feroz pelas importâncias dos seus maridos e os indispensáveis Cetautomatix (o ferreiro) e Ordralalfabétix (o peixeiro), discutindo o sempre eterno problema do cheiro a peixe, com as consequências do costume…
No canto inferior direito (clicar em cima da imagem para a aumentar), em previsão do que será o teor da próxima prancha, ainda há espaço para vermos um Ortopedix anunciando e servindo uma apaziguadora - mas já muito tardia... - rodada geral enquanto um enorme peixe voador arremessado por um indeterminado se lhe dirige directamente para a cara…
Meu caro, estás (estamos...) desactualizados. Nas novas edições dos livros de Asterix, Abraracourcix passou a Matasetix. Assurancetorix agora é Cacofonix, e por aí adiante. Não consegui entender ainda as vantagens de tal ataque às nossas memórias, mas enfim...
ResponderEliminarRantas, na falta de uma explicação que eu considere (e, pelos vistos, tu consideres) satisfatória para essa substituição dos nomes do elenco da aldeia gaulesa, creio que será natural que a nossa geração adopte uma atitude que classificarei “de aldeia gaulesa”, a de quem resiste ainda e sempre ao invasor (neste caso ao disparate…) como se lê (lia?) na página frontal de qualquer álbum de Astérix: “Estamos no ano 50 antes de Jesus
ResponderEliminarCristo. Toda a Gália está ocupada pelos romanos. Toda?...”
Para disparate crasso já basta o “cow-boy solitário” que passou a mascar pauzinhos por causa do problema do cancro de pulmão que incomodava os habitantes do faroeste…