Tenho as minhas dificuldades em conseguir fazer uma síntese da série All in the Family para a explicar a quem não a conheça. Como explicar uma figura ao mesmo tempo simpática e insuportável como era Archie Bunker (sentado no cadeirão)? Ou uma figura ocasionalmente sábia mas desesperadamente tonta na maior parte do tempo como era Edith Bunker (à esquerda)?
Lembrei-me de um pouco conhecido trecho de um episódio da série (não o encontrei nas citações do IMDB), a propósito desta contínua insistência mediática em escarafunchar o assunto da licenciatura de José Sócrates sem que os jornalistas se apercebam que, no processo, podem estar a correr o risco de saturar a audiência – a peça original do Público já foi publicada há um mês!
Num dos episódios da série, uma sucessão de mal entendidos levaram a que se ficasse com a impressão que o ultraconservador Archie Bunker afinal era… judeu. Mike (o genro de Archie, no centro da fotografia) e o seu amigo Lionel (um vizinho e amigo negro que ouvia de Archie os comentários mais racistas possíveis) não perderam a oportunidade de o gozar à grande:
Mike: - Mas eu não sabia que o Archie era judeu…
Archie: - Mas eu não sou judeu!
Lionel: - Repara como ele gesticula. É mesmo gesto típico dos judeus…
Archie: - Mas se eu vos estou a dizer que não sou judeu!!
Mike: - Aliás, no outro dia descobri que os seus pais se chamavam David e Sara…
Archie: - Sim, David e Sara. E então?!...
Lionel: - David… Sara… São dois nomes judeus…
Archie: - David e Sara são dois nomes tirados da Bíblia Sagrada, que não tem nada a ver com judeus…
Bem sei que Mike e Lionel não pretendiam ser levados a sério no seu esforço de atribuir raízes judaicas ao preconceituoso Archie, tratava-se apenas do gozo que extraíam da ventilação do assunto, e, neste outro caso, não se podem fazer processos de intenções quanto às motivações de José Manuel Fernandes. A verdade é que o peso do disparate da resposta de Archie é atenuado por se tratar de uma proclamação absurda para pôr fim a uma situação excessiva…
É evidente que nem José Sócrates tem o senso de humor para isso, nem a actividade que ele desempenha se presta a essas liberdades, mas não hajam dúvidas quanto ao efeito desarmante que teria uma resposta final de uma equivalência estapafúrdia àquela tirada final de Archie Bunker. Estaria adequada a esta insistência cansativa montada à volta dos vários episódios associados à licenciatura de Sócrates…
Lembrei-me de um pouco conhecido trecho de um episódio da série (não o encontrei nas citações do IMDB), a propósito desta contínua insistência mediática em escarafunchar o assunto da licenciatura de José Sócrates sem que os jornalistas se apercebam que, no processo, podem estar a correr o risco de saturar a audiência – a peça original do Público já foi publicada há um mês!
Num dos episódios da série, uma sucessão de mal entendidos levaram a que se ficasse com a impressão que o ultraconservador Archie Bunker afinal era… judeu. Mike (o genro de Archie, no centro da fotografia) e o seu amigo Lionel (um vizinho e amigo negro que ouvia de Archie os comentários mais racistas possíveis) não perderam a oportunidade de o gozar à grande:
Mike: - Mas eu não sabia que o Archie era judeu…
Archie: - Mas eu não sou judeu!
Lionel: - Repara como ele gesticula. É mesmo gesto típico dos judeus…
Archie: - Mas se eu vos estou a dizer que não sou judeu!!
Mike: - Aliás, no outro dia descobri que os seus pais se chamavam David e Sara…
Archie: - Sim, David e Sara. E então?!...
Lionel: - David… Sara… São dois nomes judeus…
Archie: - David e Sara são dois nomes tirados da Bíblia Sagrada, que não tem nada a ver com judeus…
Bem sei que Mike e Lionel não pretendiam ser levados a sério no seu esforço de atribuir raízes judaicas ao preconceituoso Archie, tratava-se apenas do gozo que extraíam da ventilação do assunto, e, neste outro caso, não se podem fazer processos de intenções quanto às motivações de José Manuel Fernandes. A verdade é que o peso do disparate da resposta de Archie é atenuado por se tratar de uma proclamação absurda para pôr fim a uma situação excessiva…
É evidente que nem José Sócrates tem o senso de humor para isso, nem a actividade que ele desempenha se presta a essas liberdades, mas não hajam dúvidas quanto ao efeito desarmante que teria uma resposta final de uma equivalência estapafúrdia àquela tirada final de Archie Bunker. Estaria adequada a esta insistência cansativa montada à volta dos vários episódios associados à licenciatura de Sócrates…
Excelente evocação desta série. Vou falar também dela no cantinho da nostalgia do Corta-Fitas. Abraço.
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