12 abril 2007

OH PRA MIM, COMO EU SEI TANTO…

Um dos aspectos de que mais gosto na blogosfera é a forma como, ocasionalmente, se descobrem blogues interessantíssimos, demonstrativos da erudição de quem os escreve. Contudo, por formação, sempre apreciei que essa erudição fosse temperada por alguma modéstia. É um assunto que tem estado até bem na moda, entre nós, a respeito de um primeiro-ministro que, aparentemente, se arrogou ser – ou deixou que o considerassem ser – aquilo que afinal ainda não era…

Mas a história que eu queria aqui contar era a respeito de um blogue que apenas trata (e com grande qualidade, refira-se) de assuntos da antiguidade romana. Chama-se, mesmo a propósito, Roma Antiga. Ao descobri-lo, tive oportunidade de lá deixar um comentário elogioso, a que acrescentei uma dúvida, respeitante ao último poste lá colocado, onde havia uma referência a um tal de imperador Dominiciano que eu nunca havia ouvido mencionar: seria que a referência era a Domiciano (81-96)?

E a resposta veio, afirmativa e surpreendentemente seca: sim, é esse mesmo. Eu bem sei não ter perguntado mais nada, mas não posso deixar de manifestar a minha desilusão pela ausência de qualquer explicação adicional para o uso daquele aportuguesamento anómalo de um nome que, na sua versão latina, é Titus Flavius Domitianus e que sempre conheci na forma que usei. Talvez o autor do poste pensasse que essa explicação era desnecessária, tal o desnível do grau de conhecimentos dos dois intervenientes…

Todo o episódio – fiquei fã do blogue mas, compreensivelmente, muito menos do autor… – lembrou-me uma anedota bastante antiga, quando um transeunte descobriu no chão uma nota de cinquenta escudos (vejam lá quão velha é a anedota!...) e um advogado (esses é que nunca passam de moda…) que por ali passava se apossou rapidamente dela, anunciando-lhe com pompa que, com aqueles cinquenta escudos e mediante duas perguntas, estaria disponível para lhe prestar assistência jurídica sobre os seus direitos à propriedade da nota:

- Mas não acha que apenas duas perguntas por cinquenta escudos são um abuso? – perguntou o descobridor.
- Se calhar é capaz de ser… - condescendeu o advogado. E qual é a outra pergunta?...


4 comentários:

  1. Tenho a mesma opinião do blogue Letratura.blogspot.com

    Já por lá deixei uma questão sobre uma designação náutica que o autor traduziu à brasileira como um substantivo feminino e que em portugal é usado no masculino. Primeiro mandou-me investigar e quando o fiz (citando várias páginas de legislação brasileira com o termo no feminino e as da legislação portuguesa com o termo no masculino) corroborando a minha versão preferiu ignorar mantendo no site a sua versão dos factos. No geral é um blogue muito estimável, o autor não me parece.

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  2. Não conhecia o blogue, visitei-o, da visita rápida compartilho consigo a impressão favorável sobre o seu conteúdo. Do resto, só me resta dizer uma generalidade: a que nestes, como noutros aspectos, o respeito é profissional, mas a estima é pessoal. É isso que diferencia os sábios das pessoas que sabem muito…

    E que, ao contrário do que acontece no mundo académico, neste mundo da blogosfera nunca se sabe de antemão com quem nos correspondemos e que aqueles “cromos” que gostam de se “armar em bons” por antecipação correm sérios riscos de fazer figuras tristes… e por escrito.

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  3. Muito boas tardes,
    Sou a pessoa em questão que lhe respondeu da forma seca. Se for ao blog agora, perceberá porque é que lhe respondi desse modo: tenho muito pouco tempo disponível. Efectuo a pesquisa para os artigos quando posso, mas quanto a respostas aos leitores, exceptuando um sim ou não, não posso garantir nada de muito elaborado. Aliás a maioria dos leitores nem sequer obtem uma resposta minha; não é por soberba, é mesmo falta de tempo.
    Q.F.M.
    Fabiano

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  4. Boa Noite.
    Registo e agradeço a sua resposta. Permita-me até a oportunidade de, conjuntamente com o seu colega que se assina com o pseudónimo “parca”, os felicitar directamente pelo vosso blogue “Roma Antiga”. Sou bem capaz de o compreender, porque padeço do mesmo problema da falta de tempo para responder com a cortesia que merecem todos os comentários em que me solicitam esclarecimentos no meu blogue.
    Mas regressando à minha pergunta original e supondo que já se tenha apercebido pela leitura do Herdeiro de Aécio que também sei alguma coisa sobre os assuntos do período da Antiguidade, com todo o tempo do mundo ao seu dispor, é possível que me esclareça porque razão optou por aquela forma tão pouco usual de designar Domiciano?
    A.Teixeira

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