Não é frequente saber-se que, depois do desembarque na Normandia do Dia D, a 6 de Junho de 1944, a França assistiu a um segundo desembarque de tropas aliadas nas suas contas meridionais mediterrânicas, na Provença, a 15 de Agosto (Operação Dragon). Ao contrário do que acontecera dois meses antes, as resistências alemãs acabaram por se revelar bastante menos empenhadas. Como se percebe pelo mapa de baixo, elas poderiam correr o risco de cerco e aniquilamento se os aliados perfurassem a frente da Normandia e se elas se atrasassem na retirada.
Uma das particularidades do segundo desembarque consistia na importância da captura do porto de Marselha, capital da Provença e também simbolicamente importante por se tratar da segunda maior cidade francesa. É dessa libertação que decorreu entre 23 e 27 de Agosto que vale a pena destacar um episódio, o da contribuição das forças da resistência marselhesa (designadas por FFI) para a libertação da cidade. No dia 23, dia do início dos combates, cerca de 500 bravos apresentaram-se.
O papel dos FFI foi útil mas não determinante para o seu desfecho. Dispondo apenas de armamento ligeiro a utilidade dos FFI revelava-se no reconhecimento e nas informações e sobretudo pelo seu papel simbólico. Uma outra curiosidade foi a forma como o pessoal com a braçadeira identificativa dos FFI se multiplicou à medida que o desenrolar dos combates se mostrava favorável aos aliados: dos 500 das primeiras horas dos combates urbanos, apareceram 20.000 na altura da vitória…
Foi um episódio que associei à leitura de um jornal de hoje onde, a propósito da próxima cerimónia do 25 de Abril, li a expressão a cargo do coronel …………., capitão de Abril. Confesso não conhecer o detalhe das operações do 25 de Abril para poder enumerar com precisão qual o número de capitães directa ou indirectamente envolvidos nelas. Mas tenho uma noção do número de capitães de Abril que apareceram posteriormente ao 25 do dito a reclamar-se do respectivo título.
Foram tantos que julgo que a expressão banalizada acabou por ser usada associada a um certo estado de espírito e não estritamente à própria participação no evento – como hoje se diria. É que se correspondesse o título de capitão de Abril à participação efectiva no golpe, suspeito que o número total de capitães teria dado para guarnecer para aí o equivalente a umas oito ou dez brigadas do exército*, que teriam entupido de tal forma o centro de Lisboa de soldados naquele dia que, se calhar e ao contrário do original, nem teria havido espaço para mirones… Em suma, suspeito que até aos próprios Capitães de Abril não seria descabido perguntar-lhes aquela imortal pergunta de Baptista Bastos: Eh pá, onde é que tu estavas no 25 de Abril?
O papel dos FFI foi útil mas não determinante para o seu desfecho. Dispondo apenas de armamento ligeiro a utilidade dos FFI revelava-se no reconhecimento e nas informações e sobretudo pelo seu papel simbólico. Uma outra curiosidade foi a forma como o pessoal com a braçadeira identificativa dos FFI se multiplicou à medida que o desenrolar dos combates se mostrava favorável aos aliados: dos 500 das primeiras horas dos combates urbanos, apareceram 20.000 na altura da vitória…
Foi um episódio que associei à leitura de um jornal de hoje onde, a propósito da próxima cerimónia do 25 de Abril, li a expressão a cargo do coronel …………., capitão de Abril. Confesso não conhecer o detalhe das operações do 25 de Abril para poder enumerar com precisão qual o número de capitães directa ou indirectamente envolvidos nelas. Mas tenho uma noção do número de capitães de Abril que apareceram posteriormente ao 25 do dito a reclamar-se do respectivo título.
Foram tantos que julgo que a expressão banalizada acabou por ser usada associada a um certo estado de espírito e não estritamente à própria participação no evento – como hoje se diria. É que se correspondesse o título de capitão de Abril à participação efectiva no golpe, suspeito que o número total de capitães teria dado para guarnecer para aí o equivalente a umas oito ou dez brigadas do exército*, que teriam entupido de tal forma o centro de Lisboa de soldados naquele dia que, se calhar e ao contrário do original, nem teria havido espaço para mirones… Em suma, suspeito que até aos próprios Capitães de Abril não seria descabido perguntar-lhes aquela imortal pergunta de Baptista Bastos: Eh pá, onde é que tu estavas no 25 de Abril?
* Para não falar da Marinha e da Força Aérea...
Sem comentários:
Enviar um comentário