17 abril 2007

A AMBIÇÃO E A CONVICÇÃO

Publicou ontem o Washington Post uma carta aberta do general John J. Sheehan, onde ele explica publicamente as razões porque declinou antecipadamente o convite que a Casa Branca estaria a considerar fazer-lhe – uma forma diplomática e rebuscada para que não seja o presidente Bush a levar a tampa – para um novo cargo criado por esta administração, onde o titular virá a ter a direcção simultânea dos conflitos do Iraque e do Afeganistão. Sabe-se que, juntamente com Sheehan, já houvera outras recusas.

Mas esta carta é um documento raro, porque normalmente em situações semelhantes a recusa é feita de uma forma cortês e discreta e não é interesse das duas partes dar-lhe publicidade. Só a situação anómala e a crise de confiança na liderança instalada neste momento nos Estados Unidos pode justificar a exposição que o general Sheehan resolveu fazer quanto às suas razões para a recusa: em síntese, Sheehan considera haver uma ausência de uma orientação estratégica coerente para o conjunto do Médio Oriente.
Não se podem, nem se devem, fazer julgamentos de carácter a partir destes pormenores em carreiras que são longas, mas há que admitir que são ocasiões únicas onde se chocam convicções e ambições, e em que uma delas prevalece. Este caso do general Sheehan é um exemplo que serve para me reconfortar da impressão que formei de pessoas que eu tinha noutra conta, como foram os casos de Álvaro Barreto e Bagão Félix, que podiam ter-se comportado de outro modo quando convidados por Pedro Santana Lopes para integrar o seu governo...
Ou então, não sabiam que Pedro Santana Lopes era como era… e aí, penitencio-me, seria a minha opinião original sobre eles que estava errada!

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