Há duas versões muito distintas sobre qual terá sido a reacção do presidente norte-americano Harry Truman, quando o informaram do sucesso da detonação da bomba atómica sobre Hiroxima, em Agosto de 1945. Nas suas memórias, Truman virá a elaborar sobre as considerações que lhe ocorreram na altura, ao aperceber-se como a Humanidade entrara numa nova era.
Acontece que Truman recebeu a notícia em viagem a meio do Atlântico, quando voltava da Conferência de Potsdam, num cruzador da US Navy. Outras memórias, talvez mais concentradas devido à importância do passageiro, lembram um presidente a soltar um desabafo de alegria perante a tripulação: Rapazes, aplicámos aos amarelos o equivalente a vinte mil toneladas de TNT! E a malta explodiu de alegria...
Acontece que Truman recebeu a notícia em viagem a meio do Atlântico, quando voltava da Conferência de Potsdam, num cruzador da US Navy. Outras memórias, talvez mais concentradas devido à importância do passageiro, lembram um presidente a soltar um desabafo de alegria perante a tripulação: Rapazes, aplicámos aos amarelos o equivalente a vinte mil toneladas de TNT! E a malta explodiu de alegria...
A segunda versão é um bocadinho menos solene, mas, havendo máquina do tempo que esclarecesse o assunto, eu apostaria descaradamente em como ela seria muito mais próxima do que aconteceu na realidade... São declarações muito mais adequadas à personalidade simples de Truman e, em geral, considero ridícula a faceta de criar frases históricas para serem ditas em momentos históricos, sem ensaio.
Assim, por exemplo, acredito na de Neil Armstrong (também porque a ouvi – um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a Humanidade), mas porque ele a trazia ensaiada da Terra para dizê-la tão logo pisou a Lua. Mas a que se atribui a Afonso de Albuquerque quando soube que fora demitido e substituído (Mal com os homens por amor de El-Rei e mal com El-Rei por amor dos Homens) parece-me uma verdadeira fantochada.
Não sei se a frase seria admissível no português coloquial dos inícios do Século XVI, mas por tudo o que sabemos dele, a sua reacção previsível enquadrar-se-ia muito mais num chorrilho de insultos destinados primeiro ao rei, depois aos intriguistas da Corte que o influenciaram e finalmente a Lopo Soares de Albergaria, enviado para o substituir. Claro que isso seria conceder que Manuel o Venturoso era uma pessoa simples, propensa a ser facilmente influenciável. E se calhar era...
Assim, por exemplo, acredito na de Neil Armstrong (também porque a ouvi – um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a Humanidade), mas porque ele a trazia ensaiada da Terra para dizê-la tão logo pisou a Lua. Mas a que se atribui a Afonso de Albuquerque quando soube que fora demitido e substituído (Mal com os homens por amor de El-Rei e mal com El-Rei por amor dos Homens) parece-me uma verdadeira fantochada.
Não sei se a frase seria admissível no português coloquial dos inícios do Século XVI, mas por tudo o que sabemos dele, a sua reacção previsível enquadrar-se-ia muito mais num chorrilho de insultos destinados primeiro ao rei, depois aos intriguistas da Corte que o influenciaram e finalmente a Lopo Soares de Albergaria, enviado para o substituir. Claro que isso seria conceder que Manuel o Venturoso era uma pessoa simples, propensa a ser facilmente influenciável. E se calhar era...
Excelente post (mais um!). Se não houvesse filmes sobre as palavras de Pinheiro de Azevedo naquele célebre dia de Novembro de 1975 em que ele diz que o "chateia ser sequestrado", quais seriam as frases para a posteridade que sairiam nas biografias posteriormente retocadas?!
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