Os meus dois filhos, adolescentes, desenvolveram um código próprio para acentuar a estupidez de um gesto ou de alguém: pronunciam a palavra estúpido com a primeira sílaba muito aspirada a que acrescentam a expressão com agá grande. Assim, cá em casa, quando se ouve Hestúpido com agá grande sabe-se que estamos perante um verdadeiro superlativo de estúpido.
Será que vale a pena explicar porque fiz esta introdução quando me preparo para falar de Bolsa? Já havia televisão a cores e a democracia estava perfeitamente consolidada quando, nos finais dos anos oitenta, houve um frenesim em que os portugueses se sentiam mais ricos todos os dias, ao ver as cotações das acções que compravam a subirem, num programa popular que substituiu o Boletim Metereológico, logo a seguir ao Telejornal...
Ficou por fazer na altura um apanhado do número de espertos e de otários. Segundo as minhas contas, numa perspectiva micro económica de uma operação de Bolsa bem sucedida, há uma proporção de um esperto (eu) para dois otários: aquele a quem compro os títulos e que não sabe que eles vão subir e aquele a quem os impinjo à saída, que está convencido que a subida ainda se vai prolongar.
Passada essa embaraçosa fase do capitalismo popular, estamos a acompanhar uma outra, a do capitalismo corporativo, com os exemplos das recentes OPAS do BCP sobre o BPI e da Sonae sobre a PT que, pelo menos, já tiveram a virtude de demonstrar que num mercado devidamente regulamentado a obrigatoriedade democrática de cumprir regras existe para todos, sejam eles pequenos ou grandes.
Há pormenores que se tornam até deveras engraçados, como o da transparência de descobrir quem é o patrão do Público, um jornal que, normalmente, em todos os outros assuntos e sobretudo através da pessoa do seu director gosta de cultivar uma imagem de severa independência. Hoje, o título destacado de primeira página da edição impressa é: Sonaecom oferece 5700 milhões em dividendos a accionistas da PT
A cobertura do assunto não se fica naturalmente por aqui e aparece desenvolvida na página 40. É curioso o pormenor paradoxal de no desenvolvimento se noticiar que a CMVM obrigou a Sonaecom a retirar o anúncio publicitário de apelo à participação dos accionistas na AG para desblindagem dos estatutos (…). O paradoxo é que precisamente esse mesmo anúncio aparece publicado na mesma edição na página 21…
Há ainda outros pormenores (a figura de Henrique Granadeiro, da PT, em baixa, na página final, por exemplo…) mas tenho que reconhecer o meu conforto perante esta frontalidade de Belmiro de Azevedo em relação ao assunto por contraponto ao costumeiro discurso viscoso e sinuoso usado pelo director do jornal em situações semelhantes. Haja é quem acredite na sua argumentação… Belmiro criou um jornal nacional para o auxiliar nos seus interesses nestas circunstâncias e mai´ nada!
Será que vale a pena explicar porque fiz esta introdução quando me preparo para falar de Bolsa? Já havia televisão a cores e a democracia estava perfeitamente consolidada quando, nos finais dos anos oitenta, houve um frenesim em que os portugueses se sentiam mais ricos todos os dias, ao ver as cotações das acções que compravam a subirem, num programa popular que substituiu o Boletim Metereológico, logo a seguir ao Telejornal...
Ficou por fazer na altura um apanhado do número de espertos e de otários. Segundo as minhas contas, numa perspectiva micro económica de uma operação de Bolsa bem sucedida, há uma proporção de um esperto (eu) para dois otários: aquele a quem compro os títulos e que não sabe que eles vão subir e aquele a quem os impinjo à saída, que está convencido que a subida ainda se vai prolongar.
Passada essa embaraçosa fase do capitalismo popular, estamos a acompanhar uma outra, a do capitalismo corporativo, com os exemplos das recentes OPAS do BCP sobre o BPI e da Sonae sobre a PT que, pelo menos, já tiveram a virtude de demonstrar que num mercado devidamente regulamentado a obrigatoriedade democrática de cumprir regras existe para todos, sejam eles pequenos ou grandes.
Há pormenores que se tornam até deveras engraçados, como o da transparência de descobrir quem é o patrão do Público, um jornal que, normalmente, em todos os outros assuntos e sobretudo através da pessoa do seu director gosta de cultivar uma imagem de severa independência. Hoje, o título destacado de primeira página da edição impressa é: Sonaecom oferece 5700 milhões em dividendos a accionistas da PT
A cobertura do assunto não se fica naturalmente por aqui e aparece desenvolvida na página 40. É curioso o pormenor paradoxal de no desenvolvimento se noticiar que a CMVM obrigou a Sonaecom a retirar o anúncio publicitário de apelo à participação dos accionistas na AG para desblindagem dos estatutos (…). O paradoxo é que precisamente esse mesmo anúncio aparece publicado na mesma edição na página 21…
Há ainda outros pormenores (a figura de Henrique Granadeiro, da PT, em baixa, na página final, por exemplo…) mas tenho que reconhecer o meu conforto perante esta frontalidade de Belmiro de Azevedo em relação ao assunto por contraponto ao costumeiro discurso viscoso e sinuoso usado pelo director do jornal em situações semelhantes. Haja é quem acredite na sua argumentação… Belmiro criou um jornal nacional para o auxiliar nos seus interesses nestas circunstâncias e mai´ nada!