Até ao desembarque na Normandia a 6 de Junho de 1944, enquanto se aguardava pela confrontação directa entre os Exércitos na Europa Ocidental, uma boa parte do conflito – e das baixas – era assumido pelos outros ramos das Forças Armadas aliadas e alemãs. No mar, mantinha-se a Batalha do Atlântico, entre a Marinha Mercante dos aliados e os submarinos alemães, com percentagens de baixas impressionantes para a primeira e aterradoras para os segundos. No ar, o problema punha-se às equipas dos bombardeiros.
Com toda a transparência, o Alto Comando da USAAF (United States Army Air Force) havia estabelecido uma espécie de contrato com as tripulações dos bombardeiros B-17 (acima) ou B-24 (abaixo) encarregues de bombardear a Alemanha: cada uma tinha que efectuar 25 missões de bombardeamento para depois saírem do serviço activo e para se passarem para outras tarefas (instrução, manutenção, logística, etc.). Em contrapartida, para o Comando, era crucial que a percentagem de baixas em cada expedição sobre a Alemanha se mantivesse abaixo dos 4%.
Há que explicar que os raides de bombardeamento daquela época eram realizados em massa, englobando várias centenas de aviões que se dirigiam para o mesmo alvo. Os bombardeiros, apesar do armamento defensivo (que foi passando, ao longo das diferentes versões do B-17, de 5 para 13 metralhadoras!) não dispunham da capacidade de manobra para defrontar os aviões de caça. Por outro lado, quase nada se podia fazer para evitar o carácter aleatório das detonações da artilharia AA* alemã.
Enquanto os britânicos solucionaram o problema passando a voar à noite (mas perdendo as referências de orientação), entre os americanos, acabou por se estabelecer que a melhor maneira de minorar as perdas era a de manter a formação agrupada para que os metralhadores dos aparelhos se apoiassem reciprocamente contra os ataques dos caças inimigos, enquanto se contava com a resistência de construção do avião para os impactos da artilharia AA inimiga – contra a qual, de resto, pouco ou nada se podia fazer…
Para as tripulações, o número mítico a atingir era o 25, o tal número de missões cumpridas que corresponderia à liberdade, e para o comando o número era o dos 4% de média de baixas, porque, fosse ele ultrapassado (25 x 0,04 = 1), aparentemente isso quereria dizer que só com muita sorte é que as tripulações escapariam à morte ou à captura em território controlado pelos alemães. Felizmente, apesar de raides onde foram tão baixas quanto os 84%, as taxas de sobrevivência média dos raides sempre estiveram acima dos 96%.
Na verdade, havia um erro de matemática na forma como os cálculos das taxas de sobrevivência eram efectuados. Fosse a taxa média de sucesso de 96%, então, depois de 25 missões (0,96 x 0,96 x 0,96 x … – multiplicada por 25 vezes) haveria uma probabilidade final de 36% de que as tripulações regressassem a casa sãs e salvas. Com uma taxa de sucesso médio rondando os 97,3% (a taxa que se chegou a apurar), então essa probabilidade subia para os 50%. Em conclusão, a probabilidade para que as tripulações de um bombardeiro terminassem a sua comissão de serviço sãos e salvos era igual à de atirar uma moeda ao ar…
Com toda a transparência, o Alto Comando da USAAF (United States Army Air Force) havia estabelecido uma espécie de contrato com as tripulações dos bombardeiros B-17 (acima) ou B-24 (abaixo) encarregues de bombardear a Alemanha: cada uma tinha que efectuar 25 missões de bombardeamento para depois saírem do serviço activo e para se passarem para outras tarefas (instrução, manutenção, logística, etc.). Em contrapartida, para o Comando, era crucial que a percentagem de baixas em cada expedição sobre a Alemanha se mantivesse abaixo dos 4%.
Há que explicar que os raides de bombardeamento daquela época eram realizados em massa, englobando várias centenas de aviões que se dirigiam para o mesmo alvo. Os bombardeiros, apesar do armamento defensivo (que foi passando, ao longo das diferentes versões do B-17, de 5 para 13 metralhadoras!) não dispunham da capacidade de manobra para defrontar os aviões de caça. Por outro lado, quase nada se podia fazer para evitar o carácter aleatório das detonações da artilharia AA* alemã.
Enquanto os britânicos solucionaram o problema passando a voar à noite (mas perdendo as referências de orientação), entre os americanos, acabou por se estabelecer que a melhor maneira de minorar as perdas era a de manter a formação agrupada para que os metralhadores dos aparelhos se apoiassem reciprocamente contra os ataques dos caças inimigos, enquanto se contava com a resistência de construção do avião para os impactos da artilharia AA inimiga – contra a qual, de resto, pouco ou nada se podia fazer…
Para as tripulações, o número mítico a atingir era o 25, o tal número de missões cumpridas que corresponderia à liberdade, e para o comando o número era o dos 4% de média de baixas, porque, fosse ele ultrapassado (25 x 0,04 = 1), aparentemente isso quereria dizer que só com muita sorte é que as tripulações escapariam à morte ou à captura em território controlado pelos alemães. Felizmente, apesar de raides onde foram tão baixas quanto os 84%, as taxas de sobrevivência média dos raides sempre estiveram acima dos 96%.
Na verdade, havia um erro de matemática na forma como os cálculos das taxas de sobrevivência eram efectuados. Fosse a taxa média de sucesso de 96%, então, depois de 25 missões (0,96 x 0,96 x 0,96 x … – multiplicada por 25 vezes) haveria uma probabilidade final de 36% de que as tripulações regressassem a casa sãs e salvas. Com uma taxa de sucesso médio rondando os 97,3% (a taxa que se chegou a apurar), então essa probabilidade subia para os 50%. Em conclusão, a probabilidade para que as tripulações de um bombardeiro terminassem a sua comissão de serviço sãos e salvos era igual à de atirar uma moeda ao ar…
* Anti Aérea
A sorte das tripulações dos bombardeiros teve duas ajudas preciosas!
ResponderEliminarA primeira, já citada no “post”, foi a supressão do suicídio que representavam os bombardeamentos diurnos e a segunda o aparecimento de caças de escolta, com autonomia para acompanharem os bombardeiros, o que só aconteceu com o P-47 e, depois, com o P-51!
Sem eles o número de baixas (50 000?) teria sido bem mais elevado!!!
Creio que o avião de escolta dos bombardeiros, por excelência, terá sido o P-51, por causa de algumas deficiências conceptuais do P-47.
ResponderEliminarDe facto, o P-47 era um cavalo de tiro, com uma resistência enorme!
ResponderEliminarO P-51... era um “mustang” e está tudo dito!
Leitura associada a este post: Catch 22 ;)
ResponderEliminarTambém isso, João Villalobos, mas sobretudo a evocação de uma época a relembrar que houve causas pelas quais os norte-americanos estiveram dispostos a morrer.
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarEstava aqui a ler este seu post antigo (só agora descobri o seu blog) e acho que tem uma pequena imprecisão. Menciona a USAF quando penso que esta só foi criada depois da guerra - durante esta existia sim a USAAF, United States Army Air Force, que fazia parte do Exército, só constituindo um ramo autónomo uns anos depois.
Um abraço
António Lino
Olá
ResponderEliminarEstava aqui a ler este seu post antigo (só agora descobri o seu blog) e acho que tem uma pequena imprecisão. Menciona a USAF quando penso que esta só foi criada depois da guerra - durante esta existia sim a USAAF, United States Army Air Force, que fazia parte do Exército, só constituindo um ramo autónomo uns anos depois.
Um abraço
António Lino
Tem razão.
ResponderEliminarPorque, durante o conflito e no Teatro Europeu a quase totalidade do meios aéreos norte-americanos pertenciam à USAAF (ao contrário do que simultaneamente se passava no Teatro do Pacífico), optei por simplificar, já que considerei que não prejudicava o conteúdo essencial da história.
Mas já está corrigido.
Um leitor rigoroso merece-me essa atenção.
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