

Como acontece frequentemente quando as equipas de investigação não têm falta de recursos, também os cientistas do Projecto Manhattan, que estavam encarregados durante a Segunda Guerra Mundial de produzirem a arma nuclear chegaram a duas soluções viáveis e concorrentes*. A solução empregue em Little Boy era tecnicamente muito mais simples do que a sua congénere que recorria ao Plutónio 239, e era mais fiável, embora o rendimento e a potência do engenho fossem menores.
É esta mesma concepção que continua a ser, com adaptações resultantes da evolução técnica, a ser a preferida pelos países candidatos ao estatuto de potência nuclear, como acontece actualmente com a Coreia do Norte e o Irão. A configuração da arma atómica nesta versão é tão fácil de conceber e montar que houve quem, depois de 1945, já a tivesse recriado a partir da simples leitura de documentação que estava disponível – e que entretanto foi retirada… – na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em Washington…
O grande problema desta concepção são as dificuldades que se colocam à obtenção do seu combustível, o chamado Urânio enriquecido, onde a proporção de Urânio 235, que corresponde apenas a 0,7% do Urânio natural, tem de ser aumentado artificialmente, em processos industriais muito morosos. Contrariamente ao que se escrevia nos antigos romances de espionagem, o grande problema actual do Irão para se tornar nuclear não serão os planos da bomba (esses, provavelmente já os terá há muito…), mas a obtenção do combustível que a faça funcionar!



Embora a bomba fosse 50% mais potente do que a que fora largada sobre Hiroxima (20 a 22 mil toneladas de TNT), a devastação que provocou foi ligeiramente inferior (…mesmo assim estima-se que houve 70.000 mortos imediatos e que 40% da cidade foi destruída), devido ao erro de lançamento e às características geográficas da própria cidade, onde as suas colinas amorteceram parte do efeito de choque da explosão. O avião acabou por não regressar à base e aterrar de emergência numa base americana em Okinawa.
Ainda hoje há alguma controvérsia quanto às razões para isso. A versão benigna diz-nos que o avião havia gasto combustível em excesso nas suas buscas do alvo e que aterrou com os depósitos secos. A maligna sussurra-nos que os protocolos estavam mal estimados quanto às distâncias de segurança, devido à incerteza da potência da explosão, e que o avião teria ficado em muito mau estado devido à tareia que tinha apanhado com o impacto da explosão da própria bomba que havia lançado.
E, sobre a história de bombas nucleares, tenho, a respeito do emprego da terceira em condições reais, a mesma atitude que os corajosos gauleses da aldeia de Astérix mostravam a respeito da hipótese que o céu lhes caísse em cima da cabeça: espero que amanhã não seja a véspera desse dia...
E repito: espero que amanhã não seja a véspera desse dia. Excelente texto, mais uma vez, informativo e actual (sempre).
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