Creio que quase todos teremos passado enquanto miúdos pela situação de ter querido jogar à bola à vontade mas como o dono da dita era um puto, um palmo de altura abaixo do resto da malta, todo o jogo acabava por se tornar numa chatice, com as várias exigências do puto (foi falta…- não valeu… - não foi golo…) a condicionar toda a diversão. Eram fortes argumentos contra a propriedade privada e a favor do socialismo e da apropriação colectiva dos meios de diversão…
Não sendo um puto e não tendo uma bola sem saber jogar com ela, a atitude que a TVI demonstra a respeito dos horários de transmissão da cerimónia dos Óscares é-lhe completamente equiparável. Sendo proprietária (da bola) dos direitos de transmissão, compreende-se que faça a transmissão em directo da cerimónia, noite e madrugada fora, captando a adesão de todos os entusiastas de cinema que podem dispor da liberdade de perder ou de compensar uma noite sem sono.
O gesto de puto que chateia todos, por ser o dono da bola, aparece no dia seguinte, ao retransmitir a cerimónia já devidamente montada em atenção àqueles que, gostando, não são propriamente dedicados cinéfilos a ponto de sacrificar uma noite de sono. Mas como a audiência fiel da estação não liga puto ao programa (como o puto não sabia jogar, também a TVI também não é feita para transmitir coisas tão intelectuais…), a TVI arremessa-a lá para as duas da manhã…
Visto de uma certa perspectiva, a TVI decide bem: a maioria dos que estariam interessados em seguir a cerimónia são mercenários não recuperáveis para a fidelidade aos Morangos com Açúcar. Mas, ao destratar assim um segmento da audiência, creio que não estou sozinho ao afirmar que considero a TVI uma estação de televisão carismática. E carisma, neste contexto, é um eufemismo que se costuma empregar (com Cunhal, por exemplo) para descrever as emoções desencadeadas por alguém que, para além de quem gosta, quem não gosta, detesta mesmo.
Não sendo um puto e não tendo uma bola sem saber jogar com ela, a atitude que a TVI demonstra a respeito dos horários de transmissão da cerimónia dos Óscares é-lhe completamente equiparável. Sendo proprietária (da bola) dos direitos de transmissão, compreende-se que faça a transmissão em directo da cerimónia, noite e madrugada fora, captando a adesão de todos os entusiastas de cinema que podem dispor da liberdade de perder ou de compensar uma noite sem sono.
O gesto de puto que chateia todos, por ser o dono da bola, aparece no dia seguinte, ao retransmitir a cerimónia já devidamente montada em atenção àqueles que, gostando, não são propriamente dedicados cinéfilos a ponto de sacrificar uma noite de sono. Mas como a audiência fiel da estação não liga puto ao programa (como o puto não sabia jogar, também a TVI também não é feita para transmitir coisas tão intelectuais…), a TVI arremessa-a lá para as duas da manhã…
Visto de uma certa perspectiva, a TVI decide bem: a maioria dos que estariam interessados em seguir a cerimónia são mercenários não recuperáveis para a fidelidade aos Morangos com Açúcar. Mas, ao destratar assim um segmento da audiência, creio que não estou sozinho ao afirmar que considero a TVI uma estação de televisão carismática. E carisma, neste contexto, é um eufemismo que se costuma empregar (com Cunhal, por exemplo) para descrever as emoções desencadeadas por alguém que, para além de quem gosta, quem não gosta, detesta mesmo.
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