Este poste será daqueles um pouco arqueológicos, e está dedicado àqueles que outrora tiveram gira-discos antes deste novo surto revivalista do vinil – adoro esta referência estilizada às antigas tecnologias… – os ter posto outra vez na moda. E creio que todos os que os tiveram, se lembram de uma patilha discreta ao lado do prato, onde se escolhia o regime de rotações por minuto (rpm) a que o prato devia girar.
Nos gira-discos mais antigos, como os parecidos com o da fotografia que encima este poste, a patilha tinha três opções 33, 45 ou 78 rpm. Os discos pequenos (designados por singles) tocavam-se a 45 rpm, os grandes (designados por LPs) a 33 rpm, e as 78 rpm estavam guardados para uns discos misteriosos, doutra geração e pesados como chumbo, que o meu avô me pediu uma vez para ouvir uns, emprestados, num momento raro de convívio entre gerações à volta de um gira-discos…
Com o tempo, acentuando-se a predominância dos LPs de 33 rpm (os cantores já não faziam discos, editavam trabalhos…), os gira-discos mais modernos (como os da geração do da fotografia acima) foram perdendo a terceira opção das 78 rpm, o que foi uma pena para o saudável convívio entre gerações e para as possibilidades de fazer aquela gracinha que voluntária ou involuntariamente aconteceu a todos os proprietários de gira-discos: a de pôr um disco a tocar no regime errado…
Quando reproduzido num regime mais baixo do que o indicado (um disco de 45 rpm tocado a 33 rpm, por exemplo) o som do disco soava distorcidamente grave; no caso inverso (de 33 para 45 rpm) ele tornava-se ridiculamente agudo, e o efeito era ainda mais bizarro quando se experimentavam as 78 rpm. Mas, se tanto tempo perco a explicar esta questão das rotações, é para a enquadrar com as prédicas de Marcelo Rebelo de Sousa, uma pessoa reconhecidamente brilhante.
Sempre que o ouço, levanta-se-me a dúvida se Marcelo será considerado assim tão brilhante pelo conteúdo do que nos transmite, se será pelo regime (a 78 rpm, sem dúvida…) a que nos transmite as suas ideias, a nós, mortais comuns que o escutamos, mas que apenas trabalhamos às 45 rpm – porque os desgraçados das 33 rpm estão sintonizados nas estações concorrentes àquela hora, com certeza… É que normalmente só me apercebo das suas escorregadelas uns três a cinco segundos depois de as ouvir… e às vezes escapam-me de todo!
Já se terá Marcelo apercebido que o You Tube é um meio que não o favorece? O You Tube, como os deslizes da arbitragem no futebol, permite repetições em câmara lenta, para escutarmos mais atentamente o conteúdo das suas afirmações… Um pequeno exemplo retirado do seu primeiro vídeo do Assim Não: Em que aspecto sociológico específico estará Marcelo a pensar quando nos sugere a presença de um sociólogo numa eventual comissão que aconselhasse a grávida na decisão sobre o aborto*?...
Nos gira-discos mais antigos, como os parecidos com o da fotografia que encima este poste, a patilha tinha três opções 33, 45 ou 78 rpm. Os discos pequenos (designados por singles) tocavam-se a 45 rpm, os grandes (designados por LPs) a 33 rpm, e as 78 rpm estavam guardados para uns discos misteriosos, doutra geração e pesados como chumbo, que o meu avô me pediu uma vez para ouvir uns, emprestados, num momento raro de convívio entre gerações à volta de um gira-discos…
Com o tempo, acentuando-se a predominância dos LPs de 33 rpm (os cantores já não faziam discos, editavam trabalhos…), os gira-discos mais modernos (como os da geração do da fotografia acima) foram perdendo a terceira opção das 78 rpm, o que foi uma pena para o saudável convívio entre gerações e para as possibilidades de fazer aquela gracinha que voluntária ou involuntariamente aconteceu a todos os proprietários de gira-discos: a de pôr um disco a tocar no regime errado…
Quando reproduzido num regime mais baixo do que o indicado (um disco de 45 rpm tocado a 33 rpm, por exemplo) o som do disco soava distorcidamente grave; no caso inverso (de 33 para 45 rpm) ele tornava-se ridiculamente agudo, e o efeito era ainda mais bizarro quando se experimentavam as 78 rpm. Mas, se tanto tempo perco a explicar esta questão das rotações, é para a enquadrar com as prédicas de Marcelo Rebelo de Sousa, uma pessoa reconhecidamente brilhante.
Sempre que o ouço, levanta-se-me a dúvida se Marcelo será considerado assim tão brilhante pelo conteúdo do que nos transmite, se será pelo regime (a 78 rpm, sem dúvida…) a que nos transmite as suas ideias, a nós, mortais comuns que o escutamos, mas que apenas trabalhamos às 45 rpm – porque os desgraçados das 33 rpm estão sintonizados nas estações concorrentes àquela hora, com certeza… É que normalmente só me apercebo das suas escorregadelas uns três a cinco segundos depois de as ouvir… e às vezes escapam-me de todo!
Já se terá Marcelo apercebido que o You Tube é um meio que não o favorece? O You Tube, como os deslizes da arbitragem no futebol, permite repetições em câmara lenta, para escutarmos mais atentamente o conteúdo das suas afirmações… Um pequeno exemplo retirado do seu primeiro vídeo do Assim Não: Em que aspecto sociológico específico estará Marcelo a pensar quando nos sugere a presença de um sociólogo numa eventual comissão que aconselhasse a grávida na decisão sobre o aborto*?...
*Aos 2m15: (…) Pode abortar porque sim… Tem de ouvir alguém? Não. Não está aconselhamento na lei. Nem psicólogo, nem médico, nem sociólogo, nem ninguém…
“Aquilo que hoje é verdade, amanhã será mentira!” e vice-versa, acrescento eu.
ResponderEliminarCreio que esta frase (de Pinto da Costa?) foi aplicada ao futebol.
Os políticos serão assim tão diferentes dos dirigentes ditos desportivos?
Pensando num exemplo como Luís Filipe Meneses a resposta, claramente, é não.
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