21 junho 2017

MENAHEM BEGIN COMO PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Há quarenta anos, Menachem Begin tornava-se primeiro-ministro de Israel. Era o sexto a ocupar o cargo em 29 anos de história do Estado, mas o seu executivo era o primeiro que não contava com o apoio da esquerda israelita. Por um lado, a presença da esquerda no poder em Israel durante essas três primeiras décadas (que fora muito bem promovida, de resto: não havia nada de mais igualitário do que os kibutzim, verdadeiros kolkhozes do deserto!) refreara um pouco o alinhamento que se conferia a Israel no quadro da Guerra-Fria. (Ainda outro dia li alguém a confessar aqui numa rede social que, mesmo sendo daquele esquerda que não pode ser outra coisa senão de esquerda, simpatizava com o lado dos israelitas em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias). Contudo, por outro lado, e para a concretização de negociações de paz, essa mesma esquerda sempre vivera sob a sombra das acusações de brandura no tratamento com os inimigos árabes por parte desta mesma direita mais radical que em 1977 chegava finalmente de forma isolada ao poder. Menachem Begin fora um dirigente terrorista durante o período colonial britânico (como a notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos faz acima questão de frisar). O seu inimigo haviam sido não apenas os árabes mas também os britânicos. E como político do novo Estado de Israel, Begin era daqueles que não se mostrava "nada modesto no pedir": veja-se a configuração de Israel que consta no mapa da foto abaixo, onde o vemos a discursar num comício - inclui não só Israel mas também toda a Jordânia! Porém, o facto de não ter (quase) ninguém a criticá-lo por moderação iria ajudá-lo a conseguir um Tratado de paz com o Egipto dali por dois anos. Pareceu o início de um ciclo em que Israel iria conseguir firmar progressivamente acordos separados com todos os seus vizinhos árabes, trocando a posição militar vantajosa que alcançara em 1967 e 1973 por segurança dentro das fronteiras que a ONU lhe reconhecera. Parecia, mas não foi assim. Os contornos do conflito alteraram-se mas, feitas as contas, Begin já teve seis sucessores no cargo depois de o ter abandonado em 1983 e, com excepção do caso do Egipto e também o da Jordânia (mas trocando-os com os da Cisjordânia e da Faixa de Gaza), a situação de (in)segurança permanece essencialmente a mesma da que existia há quarenta anos.

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