24 setembro 2014

PARA QUE A ANÁLISE NÃO FIQUE APENAS ENTREGUE À CORPORAÇÃO DOS COLEGAS A PASSAREM-SE POR ANALISTAS

Deixei prudentemente escoar-se um dia completo para constatar quantas das incontáveis análises ao debate das primárias do PS de ontem faziam uma referência crítica à prestação do moderador João Adelino Faria. Que, na minha modesta opinião, foi não apenas medíocre como merecedora que se destaque a mediocridade. Se os dois candidatos deixaram de o ser para se tornarem uma espécie de concorrentes de um concurso televisivo ordinário (©Teresa Guilherme) foi porque o moderador não teve mão para os moderar. Os colegas da corporação, que incidentalmente depois se fazem passar por comentadores independentes do acontecimento, esquecem-se sempre que a responsabilidade de conduzir o debate para que este não chegue ao nível do lamaçal (para empregar a expressão utilizada hoje por um deles) é precisamente do anfitrião que tem o dever de manter a higiene da casa – sustentando a metáfora. Não estou a imaginar jornalista que os tivesse no sítio para repreender ontem António José Seguro quando da sua infeliz invocação de um apoiante do rival. Muito menos João Adelino Faria. E esqueceram-se também os seus colegas na pose analítica que as propostas inteligentes e substantivas por que estão sempre a clamar que os políticos devem apresentar costumam ser estimuladas por perguntas inteligentes e substantivas. Ora as que João Adelino Faria colocou ainda antes de perder a mão de situação nunca prenunciaram grandes rasgos de imaginação. Em suma, com um programa com o mesmo formato e com os mesmos dois intervenientes centrais, em situação que se costuma descrever por ceteris paribus, o resultado dos três debates televisivos esclareceu-me foi sobre as competências dos três jornalistas que os moderaram e aí Clara de Sousa na SIC esteve bem e João Adelino Faria e Judite Sousa estiveram mal. E era isto que eu estive à espera que alguém tivesse escrito...

3 comentários:

  1. Em relação a esse episódio da nomeação do apoiante de António Costa, diria que, pelo menos para quem, como eu, ouviu o "debate" pela rádio, João Adelino Faria parecia "a mulher do tanque" tal a insistência para Seguro nomear alguém ou alguma situação. Parecia que precisava de assunto para comentar com as restantes lavadeiras do mesmo tanque, mal as freguesas virassem as costas.

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  2. Se o diz é porque foi assim, na altura ter-me-á passado desapercebido essa insistência de João Adelino Faria e agora creio que já não vale a pena vermos isso "na repetição", armados em "paineleiros" a comentar a arbitragem no dia seguinte. Estaremos de acordo que não foi brilhante e que os colegas de Faria, desancando nos protagonistas à saciedade, se esqueceram (solidariamente?) de o incluir na falta de brilho.

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  3. Precisamente. Se foquei esse aspecto, foi por nos comentários imediatos ao debate, o Luís Delgado, ter referido que Seguro tinha perdido o debate ao referir o nome do apoiante do Costa, sem, lá está, fazer qualquer avaliação à prestação do moderador enquanto responsável pelo arrastar do debate para aquele plano do tanque da roupa suja. Critérios de análise de "paineleiros encartados"... Julgo que se estivesse a Flor Pedroso a moderar, em lugar de conduzir a emissão radiofónica, os candidatos teriam tido uma rédea mais curta obrigando-se a responder com mais objectividade às questões.

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