07 setembro 2014

O «PAI» DAS QUINZE POSIÇÕES

A notícia é desta semana e o seu valor poderá ser discutível. Não é por não aparecer expressa que não deixa de haver controvérsia quanto ao que valem estes relatórios – este, por exemplo, não o consegui encontrar disponível na net para o ler antes de publicar este poste¹. Sobre os rankings é rotina a comunicação social nunca explicar como são elaborados, muito menos identificar as intenções (e a ideologia) das organizações que os promovem. Também é raro relembrarem-se os relatórios e os resultados dos rankings mais antigos, assinalando eventuais sucessos e insucessos do sistema de classificação utilizado. As notícias costumam reduzir-se, como aqui, às evoluções imediatas da classificação em relação ao ano transacto, em que as subidas devem-se (obviamente!) ao mérito da acção governativa, como muito bem explicou Carlos Abreu Amorim ao i. Veja-se que no Brasil, onde houve pelo contrário uma descida no ranking, diz-se que a culpa é toda da Dilma. Mas a novidade em toda esta palhaçada é mesmo o Observador quando sugere que a tal subida de 15 posições de Portugal até parece ter um rosto e um responsável…
¹ Finalmente encontrei-o. Eis os comentários respeitantes a Portugal, no original: After falling in the rankings for several years, Portugal decisively inverts this trend and climbs 15 positions to reach 36th place. The ambitious reform program the country has adopted seems to have started paying off as gains appear across the board, most notably in areas related to the functioning of the goods market: Portugal now has less red tape to start a business (5th), and its labor market shows increased flexibility, although more remains to be done (119th). In addition to these improvements, the country can continue to leverage its world-class transport infrastructure (18th) and highly educated labor force (29th). At the same time, Portugal should not be complacent and should continue with a full implementation of its reform program in order to keep addressing some of its persistent macroeconomic concerns (128th) caused by high levels of deficit (107th) and public debt (138th); strengthening its financial sector (104th) so that credit can start flowing (108th); further increasing the flexibility of its labor market; and raising the quality of education (40th) and innovation capacity (37th) to support the economic transformation of the country. É curioso registar como os dois indicadores por onde começavam os comentários críticos do relatório do ano passado, o do ambiente macroeconómico instável (124º lugar) e de uma certa perda de confiança nos políticos (77º), não aparecem mencionados nos comentários favoráveis deste ano. O ambiente macroeconómico estabilizou e recuperámos confiança nos politicos sem que nós déssemos por nada? Compreende-se com este exemplo porque se torna pertinente dificultar o acesso a estas redacções de tipo escolar mas apresentadas por avaliações objectivas, que servem de pretenso suporte técnico para decisões políticas.

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