27 setembro 2014

CONTRIBUTOS PARA A COMPREENSÃO ENTRE OS POVOS

Confesso que só fui comprar e ler o Bifes Mal Passados por ter começado a ler demasiados comentários negativos e distanciadores a respeito do livro. O comentário de Miguel Esteves Cardoso foi um desses casos, embora aqui se perceba que ele adopte a mesma equidistância que um outro Miguel, o Sousa Tavares, tem vindo a dar mostras no que se refere aos problemas financeiros do seu compadre Ricardo Espírito Santo. E é até mais desculpável: a mãe do Miguel Esteves Cardoso é bifa, o que o torna num semi-bife, e com isso um suspeito óbvio de falta de isenção na apreciação de um livro que se farta de dizer mal deles todos – bifes. O livro, publicado vai para três meses , tornou-se num sucesso editorial (seis edições!), comprovando o quanto o escárnio e o maldizer ainda medra entre nós. Quanto à minha opinião sobre a obra supra, retive que o autor, João Magueijo, escolhe sempre o osso da canela para arriar, o que retira ao(s) agredido(s) a possibilidade de dissimular, pretendendo que a crítica fora amena, o autor dela é que fora desastrado na violência como arriou. Por isso os Bifes Mal Passados, naquela sua crueza quase em sangue, não têm a elegância descritiva que torne o livro uma obra superior. Mas pelo menos existe o lado positivo de que, neste caso, os próprios visados – os bifes! – constataram o quanto podem não ser apreciados pelos de cá. João Magueijo está no seu direito de escrever uma crítica de 180 páginas dos bifes que não os represente a todos e que até possa ser classificada literária e sociologicamente como uma merda. Em 1997 um humorista inglês chamado Steve Coogan inventou uma personagem que era uma outra (merda) a pretexto de um cantor pimba português (de ficção) chamado Tony Ferrino (abaixo), que até ganhou - finalmente! - o Eurofestival, e não me lembro que alguém por cá o tenha severamente desancado por nem todos nos reconhecermos no estilo pimba. Se, na mesma linha do argumento acima apresentado por Miguel Esteves Cardoso, até houve jornalistas bifes de gema como Auberon Waugh (1939-2001) que troçaram dos seus compatriotas com mais verve e humor do que Magueijo, nos por cá também temos humoristas semi-alemães (por cá estabelecidos como Herman Krippahl) que criam personagens pimbas como Tony Silva que resultam muito mais conseguidas que o que o outro Tony, o Ferrino, Tanto assim que, com o desportivismo que os bifes apregoam mais do que exercem, até passámos essa outra merda de Tony, o Silva, na nossa televisão para nos rirmos com ela...

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