Como se se tratasse de um lentíssimo pêndulo de relógio, há um certo género de opiniões que oscilam de um extremo a outro ao longo do tempo, e aquilo que nos torna confrangedoramente em veteranos é a confissão de já lá termos estado quando o que era moda era mostrar-se que se pensava de forma antagonicamente diferente da actual. Ora aquilo que eu penso ser deplorável nas declarações em que, mais uma vez, apanharam Isabel Jonet não é a sua constatação daquilo que se sabe ser óbvio, muito menos a imprudência e a impudência de alguém que já deveria ter aprendido a moderar-se por causa de episódios semelhantes.
É que Jonet já tem idade (54 anos) para se recordar dos tempos em que o pêndulo da moda estava encostado ao outro lado da ideologia, em que as críticas iam para o outro profissionalismo, não o da pobreza mas o seu, o da caridade, em que, por exemplo, José Barata Moura se notabilizava por cantar o Vamos Brincar à Caridadezinha (1973). Neste ciclo actual, pessoas como Isabel Jonet poderiam ter tido o privilégio de se comportar de forma tolerante, mas não consigo ver nestas suas atitudes senão um sentido renovado de desforço que desmentem até o cristianismo tolerante que supostamente norteariam a sua actividade (profissional).
Resta-me desejar que daqui por 40/50 anos, os protagonistas do próximo ciclo sejam menos dogmáticos e mais generosos que Barata Moura e Isabel Jonet...
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