Há certas ocasiões em que me apresto a desligar o computador quando um espírito que dele se apodera sem minha autorização me informa, mesmo à hora da despedida, para ir tranquilo enquanto procede a um punhado de actualizações. Trata-se de uma indelicadeza cruel, mesmo comparada com as temidas intrusividades de dentistas, que por estes dias já se prestam a dar-nos alguns esclarecimentos (por norma incompreensíveis) quando irrompem pela nossa boca dentro empunhando aquelas terríveis brocas. Pior até, ao contrário do dentista, em que a necessidade se torna evidente pela dor do dente ou pelo buraco anómalo na geografia bucal, as razões para as actualizações do software, não sendo explicadas, muito menos se percebe a sua premência. O que as torna memoráveis, a essas eufemisticamente denominadas actualizações é o dia seguinte: quase tudo o que fora formatado para uma confortável rotina diária, está desmanchado e a rotina diária regride para a reconstituição do statu quo ante. Para repor as formatações originais, há que passar por uma data de incómodos provocados obviamente pelas tais de actualizações, concebidas para resolver outros incómodos que nem sabemos, nem temos condições de saber, se já nos incomodaram. Não será particularmente lógico, mas é obviamente moderno...
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