Quase ninguém se lembrará de quem foi Thich Quang Duc (1897-1963), mas haverá muita mais gente que se lembra da fotografia abaixo, tirada em Saigão em Junho de 1963. O impacto da fotografia, cujo autor que veio a ser distinguido com um Prémio Pulitzer, ajudou a sensibilizar a opinião pública e publicada norte-americana para a necessidade de substituir o regime sul-vietnamita, numa altura em que o problema vietnamita ainda era um embrião de problema para os Estados Unidos.
Para quem acredita nos acasos, esclareça-se que a imprensa norte-americana no Vietname do Sul fora devidamente avisada de véspera que algo de importante se iria passar de manhã naquele local - que era um dos cruzamentos mais frequentado das ruas de Saigão - e que os cartazes da comitiva que acompanhava o suicida estavam escritos tanto em vietnamita como em inglês, considerando quem seriam os verdadeiros destinatários daquela cerimónia macabra.
A sociedade norte-americana parece ter sempre reagido com desconforto a qualquer tipo de suicídio quando seja praticado por razões sociais*. Contudo, supõe-se que originário da Índia, e disseminada a partir daí pelo budismo (religião de que Thich Quang Duc era monge), a imolação tornara-se uma prática corrente na Ásia muito antes do aparecimento das máquinas fotográficas… A novidade do gesto em 1963, muitas repetido depois (veja-se acima e abaixo), consistiu em fazê-lo por causas políticas e na publicidade que lhe foi dada…
Alguns desses episódios foram sérios, mas outros chegaram a beirar o ridículo, como o activista da fotografia acima, que se pretendia suicidar pelo fogo, mas ao lado de um lago ou piscina, por razões fáceis de adivinhar… Outros, pelo contrário, tornaram-se famosos sem que se tenha (que eu saiba) um registo fotográfico do seu gesto: foi o caso do estudante checo Jan Palach (1948-1969) que se imolou em Janeiro de 1969 em protesto pela invasão soviética do seu país, que ocorrera em Agosto do ano anterior.
O local está assinalado através do discreto monumento no passeio que se vê acima e que se localiza no cimo da Václavské Náměstí (Praça Venceslau), quase precisamente no local de onde foi tirada a fotografia da Praça que se vê em baixo, e que é a zona mais central de Praga. Nunca mais me esquecerei, porque quase tropecei literalmente no monumento, num dia em que me dispunha a ir à sua procura e nem foi preciso pedir informações, porque o encontrei a cerca de uns 100 metros da porta do hotel onde ficara…
Mas foi o funeral de Jan Palach que se tornou o grande evento aproveitado politicamente para protestar contra a presença das tropas do Pacto de Varsóvia (sobretudo soviéticas) na Checoslováquia. Parece também não haver muitas fotografias da multidão que acompanhou a cerimónia… Como se assinala numa cena de A Insustentável Leveza do Ser, as que haviam sido tiradas nos protestos de Agosto e Setembro de 1968 haviam sido depois aproveitadas pela polícia política para a identificação dos activistas…
* Desde os kamikazes da Segunda Guerra Mundial até aos terroristas do 11 de Setembro.
A sociedade norte-americana parece ter sempre reagido com desconforto a qualquer tipo de suicídio quando seja praticado por razões sociais*. Contudo, supõe-se que originário da Índia, e disseminada a partir daí pelo budismo (religião de que Thich Quang Duc era monge), a imolação tornara-se uma prática corrente na Ásia muito antes do aparecimento das máquinas fotográficas… A novidade do gesto em 1963, muitas repetido depois (veja-se acima e abaixo), consistiu em fazê-lo por causas políticas e na publicidade que lhe foi dada…
Alguns desses episódios foram sérios, mas outros chegaram a beirar o ridículo, como o activista da fotografia acima, que se pretendia suicidar pelo fogo, mas ao lado de um lago ou piscina, por razões fáceis de adivinhar… Outros, pelo contrário, tornaram-se famosos sem que se tenha (que eu saiba) um registo fotográfico do seu gesto: foi o caso do estudante checo Jan Palach (1948-1969) que se imolou em Janeiro de 1969 em protesto pela invasão soviética do seu país, que ocorrera em Agosto do ano anterior.
O local está assinalado através do discreto monumento no passeio que se vê acima e que se localiza no cimo da Václavské Náměstí (Praça Venceslau), quase precisamente no local de onde foi tirada a fotografia da Praça que se vê em baixo, e que é a zona mais central de Praga. Nunca mais me esquecerei, porque quase tropecei literalmente no monumento, num dia em que me dispunha a ir à sua procura e nem foi preciso pedir informações, porque o encontrei a cerca de uns 100 metros da porta do hotel onde ficara…
Mas foi o funeral de Jan Palach que se tornou o grande evento aproveitado politicamente para protestar contra a presença das tropas do Pacto de Varsóvia (sobretudo soviéticas) na Checoslováquia. Parece também não haver muitas fotografias da multidão que acompanhou a cerimónia… Como se assinala numa cena de A Insustentável Leveza do Ser, as que haviam sido tiradas nos protestos de Agosto e Setembro de 1968 haviam sido depois aproveitadas pela polícia política para a identificação dos activistas…
* Desde os kamikazes da Segunda Guerra Mundial até aos terroristas do 11 de Setembro.
Excelente post que termina numa referência a um livro/filme muito bons.
ResponderEliminarExiste também um singelo monumento a Jan Palak e a outra estudante, igualmente na praça Vaclav, com uma pequena cruz,duas fotografias, um epitáfio e umas fitas com as cores checas em volta, num canteiro. Não tenho ideia do memorial que aparece nessa fotografia.
ResponderEliminarEstá no passeio diante do Museu Nacional, no topo mais elevado da Praça, mas como é raso, ou se "tropeça" nele como me aconteceu, ou tem de se ir a olhar deliberadamente para o chão.
ResponderEliminarAssinala precisamente o local onde Palach se imolou.
JRD, é um livro e um filme sobre um daqueles raros acontecimentos que, de tão transparente, me parece que só não o percebeu quem não o quis perceber...
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