20 março 2006

QUANDO O MAR BATE NA ROCHA…

Este poste é pretensioso porque pretende ter conteúdo pedagógico. O senhor da imagem do lado é russo, chama-se Mikhail Khodorkovsky e já foi colossalmente rico. Agora é um preso, que foi julgado em tribunal, com grande publicidade, e aquelas grades a rodeá-lo. Qualquer coisa parecida com Belmiro de Azevedo em Custóias.

O destino da sua, outrora colossal, empresa petrolífera, Yukos, será decidido no próximo dia 28 de Março. Nas palavras de Tim Osborne, director da GML (a sociedade holding que detém 53% do capital da Yukos): “pelas evidências, o governo russo quer a morte da Yukos. Os administradores (da massa falida) agiram segundo instruções vindas de cima. Mas nós não estamos dispostos a aceitar isso.

Khodorkovsky chegou a ser considerado o homem mais rico da Rússia, mas deve ter entrado em rota de colisão com o presidente Vladimir Putin. E o governo russo arranjou à Yukos um processo por evasão fiscal que a mandou directamente para a falência. Entretanto não houve sinais de mais preocupações com as situações fiscais das suas concorrentes.

A queda de Khodorkovsky pode servir de demonstração aos que andam mais distraídos, e que acham que a democracia e a liberdade são valores adquiridos nas sociedades modernas, ao que é que um poder político autocrático pode fazer quando confrontado com o poder económico, mesmo que se trate do homem mais rico do país.

Há modelos económicos, liberais, onde as virtudes do mercado se impõem, mas eles só funcionam bem em democracias. E as democracias costumam reagir muito mal ao aumento das assimetrias sociais com os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.

Se os ricos não se preocuparem com os pobres, as democracias fragilizam-se e tendem a acabar. Em autocracia, os pobres podem continuar pobres, mas, como se vê por este caso, até pode acontecer que os ricos fiquem pobres… Em autocracia, quando o mar bate na rocha, pobre ou rico é mexilhão...

1 comentário:

  1. Um erro de agulha deu em choque e descarrilamento quando, com uma "pequena" contribuição para a campanha eleitoral, em vez de ambições políticas, tudo se podia ter resolvido!
    Quem não sabe...

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.