Tenho Sílvio Berlusconi na conta de um bronco, um exemplo de que a democracia não isenta, só por si, a ascensão ao poder de alguém muito pouco recomendável. Posso ver nos golpes sórdidos que ele e a sua camarilha tentam montar muitas semelhanças de estilo na aparência de impunidade que faz a Itália assemelhar-se a uma espécie de Mega Madeira.
Há, evidentemente, diferenças entre elas, a começar na heterogeneidade da maioria governamental italiana e mesmo os disparates do primeiro-ministro italiano são muito mais contestados, porque a oposição italiana é de um outro calibre do que a que existe na nossa região autónoma. Além disso, o estilo de Berlusconi quando aplicado aos seus homólogos internacionais levou-o a um ostracismo evidente, que só surpreende, depois de tantos anos, não ter um equivalente interno na pessoa de Alberto João Jardim.
Mas, como Alberto João Jardim, Berlusconi é, para além de bronco, primário, há que reconhecer que, por vezes, com a razão do seu lado, se conseguem compreender algumas das atitudes que toma. Como quando se indigna com as manobras promovidas pelo governo francês (uma fusão feita à pressa) para evitar o controle italiano da companhia francesa Suez, do sector da energia.
Sobre este assunto, o governo e a oposição em Itália divergem, mas apenas na forma como se estruturarão as retaliações contra as participações das empresas francesas no capital das empresas italianas que entretanto foram recentemente adquiridas.
Entretanto, já neste blogue havia feito menção à grande bota que o vizinho Zapatero tem para descalçar com a decisão a propósito duma OPA da catalã Gás Natural e da alemã E.ON sobre a Endesa castelhana, também do sector da energia.
A posição oficial de Bruxelas e a posição ideológica dos defensores das virtudes da globalização são, como seria de esperar, de condenação por todos estes incidentes que parecem transformar a inexorabilidade da globalização numa virtualidade.
Porque não é apenas deste lado do Atlântico que se levantam vozes contra a dinâmica dos mercados: nos Estados Unidos vai alto o clamor contra a posse de uma operadora de portos marítimos por capitais dos Emiratos Árabes. Estamos predestinados à globalização, mas parece que ela também tem os seus dias para avançar...
Entre nós, chegou-me a notícia que Belmiro de Azevedo vai domiciliar a sua OPA na Holanda, por razões de poupança fiscal. A ser verdade (e se for não surpreende ninguém, admiradores incluidos), independentemente do montante poupado (que deve ser bastante elevado), parece-me estar a decorrer bem e de forma coerente esta OPA com laivos de apelos ao patriotismo…
O Eng.º Belmiro de Azevedo tem todo o direito de a fazer, a OPA e os apelos, mesmo que velados, para que a PT fique em mãos portuguesas, mas eu também tenho o direito de lhe recomendar, sobriamente e perante aquele cenário eventual, que guarde o seu patriotismo num sítio recatado da sua anatomia.
Há, evidentemente, diferenças entre elas, a começar na heterogeneidade da maioria governamental italiana e mesmo os disparates do primeiro-ministro italiano são muito mais contestados, porque a oposição italiana é de um outro calibre do que a que existe na nossa região autónoma. Além disso, o estilo de Berlusconi quando aplicado aos seus homólogos internacionais levou-o a um ostracismo evidente, que só surpreende, depois de tantos anos, não ter um equivalente interno na pessoa de Alberto João Jardim.
Mas, como Alberto João Jardim, Berlusconi é, para além de bronco, primário, há que reconhecer que, por vezes, com a razão do seu lado, se conseguem compreender algumas das atitudes que toma. Como quando se indigna com as manobras promovidas pelo governo francês (uma fusão feita à pressa) para evitar o controle italiano da companhia francesa Suez, do sector da energia.
Sobre este assunto, o governo e a oposição em Itália divergem, mas apenas na forma como se estruturarão as retaliações contra as participações das empresas francesas no capital das empresas italianas que entretanto foram recentemente adquiridas.
Entretanto, já neste blogue havia feito menção à grande bota que o vizinho Zapatero tem para descalçar com a decisão a propósito duma OPA da catalã Gás Natural e da alemã E.ON sobre a Endesa castelhana, também do sector da energia.
A posição oficial de Bruxelas e a posição ideológica dos defensores das virtudes da globalização são, como seria de esperar, de condenação por todos estes incidentes que parecem transformar a inexorabilidade da globalização numa virtualidade.
Porque não é apenas deste lado do Atlântico que se levantam vozes contra a dinâmica dos mercados: nos Estados Unidos vai alto o clamor contra a posse de uma operadora de portos marítimos por capitais dos Emiratos Árabes. Estamos predestinados à globalização, mas parece que ela também tem os seus dias para avançar...
Entre nós, chegou-me a notícia que Belmiro de Azevedo vai domiciliar a sua OPA na Holanda, por razões de poupança fiscal. A ser verdade (e se for não surpreende ninguém, admiradores incluidos), independentemente do montante poupado (que deve ser bastante elevado), parece-me estar a decorrer bem e de forma coerente esta OPA com laivos de apelos ao patriotismo…
O Eng.º Belmiro de Azevedo tem todo o direito de a fazer, a OPA e os apelos, mesmo que velados, para que a PT fique em mãos portuguesas, mas eu também tenho o direito de lhe recomendar, sobriamente e perante aquele cenário eventual, que guarde o seu patriotismo num sítio recatado da sua anatomia.