Foi assim que terminou, aos 18 minutos, uma entrevista que era para durar meia hora de uma jornalista da RAI a Sílvio Berlusconi, o 1º ministro italiano. O senhor chateou-se e foi-se embora, não sem antes se despedir da senhora que tanto o estava a irritar. Os italianos são assim: combinam o mais impecável cavalheirismo com a mais refinada escroqueria.
Para os jornalistas que, também por solidariedade profissional, têm caído em cima de Berlusconi, há que recordar-lhes que os seus colegas não são os donos do guião do espectáculo da informação e que o convidado tem sempre o direito de o dar por terminado, se julgar que está a participar naquilo que considera uma palhaçada.
Vale a pena recordar aqui, um episódio de 1985, quando, subitamente, à RTP, deu-lhe para fazer um debate entre os pequenos partidos com assento parlamentar (ASDI, MDP, PPM, UDP e UEDS), para o qual também se convidou o PRD, então recém-formado. A ideia era óbvia, para um programa cujo formato nunca se tinha feito antes e nunca se viria a fazer depois: dar a imagem do PRD como um pequeno partido, sem grande expressão eleitoral.
O representante do PRD, Hermínio Martinho, só lá esteve o tempo de ler uma proclamação, anunciando que, para o seu partido não havia descriminações, nem partidos grandes e pequenos, saindo majestosamente de seguida. O resto do debate foi um fiasco, a única mensagem televisiva era a cadeira vazia de Hermínio Martinho e o PRD obteve 18% dos votos nas eleições seguintes.
Portanto, se Berlusconi foi um bronco, pagá-lo-á eleitoralmente nas próximas eleições italianas, que estão para breve. Senão, não. Emídio Rangel, na SIC, que passou o tempo a acusar Jorge Sampaio de se furtar ao debate com Macário Correia para a Câmara de Lisboa, tendo Sampaio passado por faltoso, acabou por meter a viola no saco, quando Sampaio ganhou as eleições sem debate, sem Rangel e sem os seus apelos lancinantes à sua comparência.
Para os jornalistas que, também por solidariedade profissional, têm caído em cima de Berlusconi, há que recordar-lhes que os seus colegas não são os donos do guião do espectáculo da informação e que o convidado tem sempre o direito de o dar por terminado, se julgar que está a participar naquilo que considera uma palhaçada.
Vale a pena recordar aqui, um episódio de 1985, quando, subitamente, à RTP, deu-lhe para fazer um debate entre os pequenos partidos com assento parlamentar (ASDI, MDP, PPM, UDP e UEDS), para o qual também se convidou o PRD, então recém-formado. A ideia era óbvia, para um programa cujo formato nunca se tinha feito antes e nunca se viria a fazer depois: dar a imagem do PRD como um pequeno partido, sem grande expressão eleitoral.
O representante do PRD, Hermínio Martinho, só lá esteve o tempo de ler uma proclamação, anunciando que, para o seu partido não havia descriminações, nem partidos grandes e pequenos, saindo majestosamente de seguida. O resto do debate foi um fiasco, a única mensagem televisiva era a cadeira vazia de Hermínio Martinho e o PRD obteve 18% dos votos nas eleições seguintes.
Portanto, se Berlusconi foi um bronco, pagá-lo-á eleitoralmente nas próximas eleições italianas, que estão para breve. Senão, não. Emídio Rangel, na SIC, que passou o tempo a acusar Jorge Sampaio de se furtar ao debate com Macário Correia para a Câmara de Lisboa, tendo Sampaio passado por faltoso, acabou por meter a viola no saco, quando Sampaio ganhou as eleições sem debate, sem Rangel e sem os seus apelos lancinantes à sua comparência.
Como se conferiu, foram casos em que os protagonistas ganharam ou, seguramente, não perderam por se terem ido embora a meio do espectáculo, um, e nem ter lá posto os pés, outro. São salutares banhos de humildade para a classe dos jornalistas, que se distrai frequentemente e se esquece que o objectivo dos convidados é impressionar a audiência, não os entrevistadores.
Mas, este episódio também vale ser visto pelo outro lado, quando ficamos a saber que aquelas broncas, que costumamos qualificar, tacanha e paroquialmente, com um só neste país, também acontecem nos outros países.
E é o tipo de broncas que não me incomodam nada que aconteçam neste país, porque normalmente significam que o jornalista está a colocar perguntas pertinentes a que o político entrevistado não pode ou não quer responder.
Incomoda-me muito mais que indivíduos que estão associados a actividades políticas neste país e simultaneamente também estão associados a actividades passíveis de sanções penais, não sejam normalmente entrevistados de uma forma profissional que os façam sentir o mesmo tipo de desconforto que levou Berlusconi a dar por terminada a tão publicitada entrevista da RAI.
E é o tipo de broncas que não me incomodam nada que aconteçam neste país, porque normalmente significam que o jornalista está a colocar perguntas pertinentes a que o político entrevistado não pode ou não quer responder.
Incomoda-me muito mais que indivíduos que estão associados a actividades políticas neste país e simultaneamente também estão associados a actividades passíveis de sanções penais, não sejam normalmente entrevistados de uma forma profissional que os façam sentir o mesmo tipo de desconforto que levou Berlusconi a dar por terminada a tão publicitada entrevista da RAI.
Valha a verdade, que já vi Fátima Campos Ferreira questionar deveras, na RTP1, uma tentativa de Isaltino Morais contar uma versão dulcificada da história do sobrinho do Táxi suíço, mas, em contrapartida, também vi Manuela Moura Guedes, na TVI, levar uma abada de Avelino Ferreira Torres, quando se atreveu a tentar intimidá-lo pela má educação das perguntas, técnica (a única, aliás) onde o Avelino é experimentado.
Assistir a figuras dessas, ou a Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e amigos, a saltar da cadeira a meio de uma entrevista será, à primeira vista, sinal de um jornalista que investigou, preparou a sua entrevista e que não se deixa enrolar. Um bom sinal. É que, para mais, a estes, nem existe a desculpa de Berlusconi na Itália, a de que manda na televisão... Ou não?
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