19 março 2006

O LIVRO DA SELVA


Confesso que nunca li o livro de Rudyard Kipling. Para mim, a história de Mogli, o menino perdido na selva da Índia é em filme animado, a cores e com os personagens falando português com sotaque brasileiro: a versão dobrada dos desenhos animados da Walt Disney de 1967.

De entre a notável galeria de personagens quero recuperar a da cobra, Kaa, no original e Casca, na versão portuguesa, que, desde aquela altura, me fez sempre impressão porque hipnotizava as presas antes de as engolir.

Claro que, para benefício da história, tentou fazê-lo com Mogli mas acabou por falhar. Mas, para as crianças pequenas, como eu era na época, se o poder e a perigosidade do tigre (Shere Khan) eram compreensíveis e de temer, as manobras insidiosas da Casca, porque eram quase incompreensíveis, eram coisas de fugir.

Deve ter sido alguma associação livre que me levou da globalização ao livro da selva. Afinal, a globalização parece estar a mostrar-se, à sua maneira, uma espécie de selva, embora haja muitos arautos a anunciar que esta selva até é boa. Para a Índia, pelo menos, parece estar a ser.

Mas o mais incomodativo é o incontável número de Cascas, espalhadas pelos galhos das árvores da floresta, tentando convencer-nos (hipnotizar-nos?) de como a tal de globalização há-de ser boa e é tão inexorável que ela venha a acontecer…

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