Perguntar-se-ão a que se deve esta associação entre futebol e ecologia, sabendo-se de antemão que o futebol não parece ser uma actividade ecológica, nem a ecologia uma actividade associada por aí além ao desporto (é lembrarmo-nos da figura do Francisco Ferreira da Quercus, que evidencia que as suas melhores notas do Liceu não devem ter sido as de Educação Física…).
Mas não se trata de nada disso. O meu lamento vai para que a nossa sociedade não mostre a intimidade e o domínio sobre os assuntos da ecologia que guarda para o futebol. É que, sobre futebol, todos somos especializados.
Ainda outro dia, Vasco Pulido Valente (vpv, em minúsculas e bold, para a malta aqui da blogosfera) ousou postar sobre futebol, a composição da selecção e os clubes de origem dos seleccionados. Os comentários censórios e agressivos, quer na caixa dos ditos, quer noutros blogs, foram de forma tal, que não me surpreenderia que o vpv ainda hoje possa estar a coçar-se e a pôr pomada nos sítios onde tanta pancada levou.
Houvesse a mesma clarividência em relação à ecologia e o conteúdo de muitas notícias associadas ao ambiente seriam rapidamente equiparadas a dejectos orgânicos biologicamente degradáveis como, na realidade, se revelariam, depois de se fazer uma análise um pouco mais aprofundada ao que contêm.
Para falar só das do dia de hoje, há uma organização com o acrónimo WWF que, se bem entendi, acha que há certos fundos comunitários de apoio à agricultura que deviam ser suprimidos porque incentivam o arranque de sobreiros e o extermínio dos ecosistemas que deles dependem.
Descodificando e ultrapassando o calão, é importante relembrar que os sobreiros são árvores de plantação, protegidas expressamente por darem cortiça – aquilo de que se fazem as rolhas que o Mourinho deu em promover em Inglaterra – e não propriamente pelas virtudes dos ecosistemas que deles dependem.
Aliás, são ecosistemas que se encontram artificialmente expandidos, dado ser uma árvore protegida deliberadamente pela acção do homem e não em resultado da germinação natural… Sendo assim que raciocínio poderá existir por detrás da lógica de condenar uma substituição de uma artificialidade por outra?
Outra notícia, envolvendo a Quercus (pois claro!), faz eco da sua recomendação para que se espere até 2007 antes de se começar a proceder à co-incineração dos resíduos tóxicos.
Segundo percebi, descobriram umas coisas chamadas CIRVER (centros-integrados-de-recuperação-valorização-e-mais-uma-coisa*-qualquer-de-resíduos) que reduz os resíduos a incinerar a 10% (a notícia não específica se se está a falar de volume, peso ou valor – mas isso agora não interessa nada!).
Ora aquela sigla é suspeitíssima. Para já, porque tem palavras a mais (6) – lembremo-nos, do futebol, que grande penalidade é um simples penalti quando o locutor do jogo deu em armar em barroco – e depois porque contém a palavra integrado que é quase uma espécie de certificação ISO 9002 de que quem inventou o acrónimo não faz a mínima ideia de como o dito centro poderá funcionar.
Que me perdoem os membros da Quercus mas uma sigla muito extensa tem mau karma. Em Portugal está inapelavelmente associada à inércia daqueles programas comunitários para cuja candidatura se necessita preencher imensos impressos mas cujo dinheiro nunca mais chega.
Por outro lado, se se qualifica algo de integrado – lembremo-nos que o antónimo da palavra é desintegrado – é legítimo suspeitar que a ideia do qualificador é a de tentar transmitir uma segurança na eficácia que não se sente intimamente. Ninguém se refere, por exemplo, a um automóvel normal como um sistema integrado, embora ele o seja; mas podemos usar a expressão para um chaço velho que não pegava, depois de lhe pormos uma bateria nova.
Mas isto até são assuntos de pormenor, porque a Grande Pergunta a colocar aos Quercus mais a sua brilhante moratória, é a de saber o que se fará com os resíduos actuais e aqueles que se produzirão até 2007. Embrulham-se todos muito bem embrulhadinhos e deixam-se à porta da Quercus para eles tomarem conta?
Basta Scolari fazer uma má aposta para lateral esquerdo da selecção para que pareça cair o Carmo e a Trindade… Eu bem sei que a ecologia não é um tópico para as massas, mas não podíamos gastar um bocadinho de toda aquela indignação nos disparates ecológicos que se fazem ouvir por aí?...
Mas não se trata de nada disso. O meu lamento vai para que a nossa sociedade não mostre a intimidade e o domínio sobre os assuntos da ecologia que guarda para o futebol. É que, sobre futebol, todos somos especializados.
Ainda outro dia, Vasco Pulido Valente (vpv, em minúsculas e bold, para a malta aqui da blogosfera) ousou postar sobre futebol, a composição da selecção e os clubes de origem dos seleccionados. Os comentários censórios e agressivos, quer na caixa dos ditos, quer noutros blogs, foram de forma tal, que não me surpreenderia que o vpv ainda hoje possa estar a coçar-se e a pôr pomada nos sítios onde tanta pancada levou.
Houvesse a mesma clarividência em relação à ecologia e o conteúdo de muitas notícias associadas ao ambiente seriam rapidamente equiparadas a dejectos orgânicos biologicamente degradáveis como, na realidade, se revelariam, depois de se fazer uma análise um pouco mais aprofundada ao que contêm.
Para falar só das do dia de hoje, há uma organização com o acrónimo WWF que, se bem entendi, acha que há certos fundos comunitários de apoio à agricultura que deviam ser suprimidos porque incentivam o arranque de sobreiros e o extermínio dos ecosistemas que deles dependem.
Descodificando e ultrapassando o calão, é importante relembrar que os sobreiros são árvores de plantação, protegidas expressamente por darem cortiça – aquilo de que se fazem as rolhas que o Mourinho deu em promover em Inglaterra – e não propriamente pelas virtudes dos ecosistemas que deles dependem.
Aliás, são ecosistemas que se encontram artificialmente expandidos, dado ser uma árvore protegida deliberadamente pela acção do homem e não em resultado da germinação natural… Sendo assim que raciocínio poderá existir por detrás da lógica de condenar uma substituição de uma artificialidade por outra?
Outra notícia, envolvendo a Quercus (pois claro!), faz eco da sua recomendação para que se espere até 2007 antes de se começar a proceder à co-incineração dos resíduos tóxicos.
Segundo percebi, descobriram umas coisas chamadas CIRVER (centros-integrados-de-recuperação-valorização-e-mais-uma-coisa*-qualquer-de-resíduos) que reduz os resíduos a incinerar a 10% (a notícia não específica se se está a falar de volume, peso ou valor – mas isso agora não interessa nada!).
Ora aquela sigla é suspeitíssima. Para já, porque tem palavras a mais (6) – lembremo-nos, do futebol, que grande penalidade é um simples penalti quando o locutor do jogo deu em armar em barroco – e depois porque contém a palavra integrado que é quase uma espécie de certificação ISO 9002 de que quem inventou o acrónimo não faz a mínima ideia de como o dito centro poderá funcionar.
Que me perdoem os membros da Quercus mas uma sigla muito extensa tem mau karma. Em Portugal está inapelavelmente associada à inércia daqueles programas comunitários para cuja candidatura se necessita preencher imensos impressos mas cujo dinheiro nunca mais chega.
Por outro lado, se se qualifica algo de integrado – lembremo-nos que o antónimo da palavra é desintegrado – é legítimo suspeitar que a ideia do qualificador é a de tentar transmitir uma segurança na eficácia que não se sente intimamente. Ninguém se refere, por exemplo, a um automóvel normal como um sistema integrado, embora ele o seja; mas podemos usar a expressão para um chaço velho que não pegava, depois de lhe pormos uma bateria nova.
Mas isto até são assuntos de pormenor, porque a Grande Pergunta a colocar aos Quercus mais a sua brilhante moratória, é a de saber o que se fará com os resíduos actuais e aqueles que se produzirão até 2007. Embrulham-se todos muito bem embrulhadinhos e deixam-se à porta da Quercus para eles tomarem conta?
Basta Scolari fazer uma má aposta para lateral esquerdo da selecção para que pareça cair o Carmo e a Trindade… Eu bem sei que a ecologia não é um tópico para as massas, mas não podíamos gastar um bocadinho de toda aquela indignação nos disparates ecológicos que se fazem ouvir por aí?...
* Li, depois de publicar o poste, que o E da coisa vale por eliminação. Bem podem falar da minha embirração, mas se bem recordo o problema original, os resíduos sujeitos a co-incineração não eram passíveis de eliminação doutra forma... Então, qual a lógica de falar numa outra eliminação nos tais CIRVERs? Não está já eliminado tudo o que é rentavelmente eliminável?