Garum é a designação latina de um acepipe da época romana cujo aspecto apetitoso podemos apreciar na fotografia anexa. Como se vê tratava-se de um preparado de peixe, preferencialmente peixe gordo, por amanhar (portanto com tripas) a que se adicionava uma fortíssima condimentação para a preservar da decomposição bacteriana.
Supõe-se hoje que o pitéu pudesse combinar as funções de fonte autónoma de proteínas com a de especiaria para disfarçar o sabor degradado dos alimentos. Há várias receitas modernas de garum, embora creia que a maioria delas tenham aparecido por dedução, após análise dos resíduos arqueológicos.
Facto talvez ainda menos conhecido foi a popularidade de que gozou o garum português (ou pelo menos, o oriundo da faixa litoral ocidental da Península Ibérica) no mercado globalizado do Império Romano dos primeiros séculos da era cristã.
É frequente aparecerem ânforas de garum com a marca de origem portuguesa nos salvados de naufrágios no Mediterrâneo em navios daquela época e, ainda muito recentemente, descobriu-se mais umas instalações para a sua produção que estavam localizadas em Belém, próximas da Torre - que, convém relembrar, só foi construida uns 1.500 anos depois.
Mas a localização da maior concentração de estabelecimentos industriais para a produção de garum, de que temos conhecimento (um verdadeiro cluster, na terminologia de Michael Porter), fica na Península de Tróia, muito embora se suspeite que fosse uma actividade praticada ao longo de toda a nossa costa atlântica visando sobretudo a exportação para as restantes regiões do império.
Numa economia verdadeiramente globalizada, cada região descobre as actividades em que verdadeiramente detém vantagens comparativas em relação às outras regiões e nelas investe – no caso do período romano sem registos visíveis de intervenção de poderes centrais nesses investimentos.
Aceitando a validade da afirmação do parágrafo anterior e as diferenças evidentes que nos separam da Finlândia e dos finlandeses, será que 1º Ministro espera, sinceramente, colher muitos ensinamentos e algo substantivo da sua visita e da experiência finlandesa?
Supõe-se hoje que o pitéu pudesse combinar as funções de fonte autónoma de proteínas com a de especiaria para disfarçar o sabor degradado dos alimentos. Há várias receitas modernas de garum, embora creia que a maioria delas tenham aparecido por dedução, após análise dos resíduos arqueológicos.
Facto talvez ainda menos conhecido foi a popularidade de que gozou o garum português (ou pelo menos, o oriundo da faixa litoral ocidental da Península Ibérica) no mercado globalizado do Império Romano dos primeiros séculos da era cristã.
É frequente aparecerem ânforas de garum com a marca de origem portuguesa nos salvados de naufrágios no Mediterrâneo em navios daquela época e, ainda muito recentemente, descobriu-se mais umas instalações para a sua produção que estavam localizadas em Belém, próximas da Torre - que, convém relembrar, só foi construida uns 1.500 anos depois.
Mas a localização da maior concentração de estabelecimentos industriais para a produção de garum, de que temos conhecimento (um verdadeiro cluster, na terminologia de Michael Porter), fica na Península de Tróia, muito embora se suspeite que fosse uma actividade praticada ao longo de toda a nossa costa atlântica visando sobretudo a exportação para as restantes regiões do império.
Numa economia verdadeiramente globalizada, cada região descobre as actividades em que verdadeiramente detém vantagens comparativas em relação às outras regiões e nelas investe – no caso do período romano sem registos visíveis de intervenção de poderes centrais nesses investimentos.
Aceitando a validade da afirmação do parágrafo anterior e as diferenças evidentes que nos separam da Finlândia e dos finlandeses, será que 1º Ministro espera, sinceramente, colher muitos ensinamentos e algo substantivo da sua visita e da experiência finlandesa?
Governo quer importar experiência finlandesa para o plano tecnológico
(titulo do Público de 6/3/06)
Se os seus adidos de imprensa não vêm o ridículo da história que nos estão a tentar impingir, façamos então por imaginar que os lapões teriam vindo lá da sua terra, há 20 séculos, até à Lusitânia para aprenderem a fazer garum e levarem a receita para a terra deles… Ter-lhes-ia servido de muito?