23 março 2024

PELOS VISTOS, HÁ VINTE ANOS ISRAEL JÁ HAVIA ARRUMADO O ASSUNTO DO HAMAS, «DECAPITANDO-O»...

23 de Março de 2004. Para simplicidade desta mensagem, vamo-nos descartar das questões de legitimidade e de moral que estiveram associadas ao assassinato por Israel do xeque Ahmed Yassim, fundador do Hamas. Concentremo-nos na funcionalidade do assassinato, condensada na mensagem posta a circular por Israel para se explicar perante o resto do Mundo e que aparece acima ao centro: «Israel decapita Hamas». Subentendido: foi um gesto brutal, mas um mal necessário para pôr fim à actividade terrorista de um Hamas que era assim «decapitado». Notoriamente, vinte anos decorrido estamos em condições de afirmar com toda a segurança que não pôs fim. E não terá sido anteontem que terá posto fim (ainda outra vez) ao mesmo Hamas... Os anúncios, de tão repetidos, descredibilizam-se. Visto à distância, Israel mantêm-se exactamente no mesmo sítio onde sempre esteve no que concerne às questões da segurança do seu Estado e dos seus cidadãos e, sobretudo, quanto ao problema de fundo da coexistência com os palestinianos. E no entretanto parece que os israelitas esgotaram quase todo o capital de simpatia de que gozaram durante os primeiros cinquenta anos de existência do seu Estado. Israel está cada vez mais isolado.

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