8 de Março de 1964. O secretário da Defesa norte-americano, Robert McNamara inicia uma visita de cinco dias ao Vietname do Sul. O propósito da visita era «recolher elementos para o relatório que apresentará ao presidente (Lyndon) Johnson». Subentendido, mas não expresso, na notícia, estava a avaliação como o novo regime do general Khanh, (que fora implantado num golpe de Estado muito recente, em 30 de Janeiro) poderia lidar com a guerra que opunha o Vietname do Sul à guerrilha e às infiltrações do Vietname do Norte. Como se pode ler mais acima, ao desembarcar em Saigão, Robert McNamara começara por dizer à comitiva da imprensa que o acompanhava que «Os Estados Unidos não abandonariam o Vietname do Sul» e que «continuariam no país o tempo que fosse necessário para... o auxiliar na luta contra a agressão comunista». Durante os dias seguintes, o empenhado McNamara levou a cabo aquilo que ele considerava uma campanha de charme, empregando frases memorizadas num vietnamita deficiente. McNamara nunca se terá apercebido que o vietnamita é uma língua tonal e que uma pronúncia deficiente do tom de uma vogal pode distorcer completamente o que se pretende dizer. Exemplo, McNamara escolheu terminar seus discursos com um slogan que ele pretendia que fosse um entusiasmante "Viva um Vietname livre!", mas que, como o pronunciava mal, em vez disso dizia "Vietname, vá dormir!" Mas isso não saiu nas notícias...
Hoje também se sabe que o relatório de McNamara para o presidente Johnson também não era nada encorajador: a situação «piorara inquestionavelmente» desde a última vez que ele estivera no Vietname do Sul, ainda em Dezembro de 1963. Cerca de 40% do território era agora controlado pela guerrilha (conhecida por Vietcong). A população mostrava-se «apática e indiferente». O ritmo de deserções entre o exército sul-vietnamita (ARVN) era elevado e estava a aumentar, enquanto, pelo seu lado, o Vietcong, «recrutava energicamente». Pior do que isso, o ARVN, para além de ser militarmente incompetente, nem sequer era uma guarda pretoriana sólida para o regime, pois estava dividido em facções. O problema era que as proclamações públicas dos norte-americanos, como a que McNamara fizera há 60 anos, logo à chegada a Saigão, os amarravam a este fiasco anunciado.
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