14 março 2024

OS PRIMÓRDIOS DA NATO E A IMPORTÂNCIA RELATIVA DE QUEM A VIRIA A INTEGRAR

(Republicação)
14 de Março de 1949. Tendo-se os Estados Unidos decidido a criar uma Organização político-militar em parceria com os seus aliados europeus, e estando em pleno curso as negociações para a constituição daquilo que viria a ser a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), eram notórias, porém encapotadas, as intenções da diplomacia portuguesa, expressas, de resto, nas notícias que ela soprava para os jornais da época e que só a distância histórica nos permite hoje ler com uma outra transparência.
Assim, a primeira página do Diário de Lisboa de há 75 anos dava destaque em primeira página ao facto da «Islândia não aceitar que fossem instaladas bases militares no seu território». Na última página, mencionava-se que «a adesão da Dinamarca ao Pacto do Atlântico estava a ser negociada». A edição do dia seguinte referia-se, com igual destaque, a que «a melhoria das relações entre os Estados Unidos e a Espanha depende da medida em que Franco tornar mais liberal o seu regime.» De uma penada, varriam-se os outros países com presença insular a meio do Atlântico Norte.
As preocupações e intenções portuguesas percebiam-se nitidamente na passagem sublinhada: «Na hipótese da Dinamarca e Islândia aderirem ao Pacto do Atlântico, o único país fora desse Pacto com ilhas importantes no Atlântico será Portugal que possui o arquipélago dos Açores. Não são ainda conhecidas as intenções do governo de Portugal, embora em Washington conste não haver informações substanciais de que Portugal não deseje, eventualmente, alinhar com as outras potências ocidentais.» Lido assim, até parece que Portugal estava a fazer um favorzinho aos outros...

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