Álvaro Cunhal foi preso pela PIDE na madrugada de 25 de Março de 1949 num palacete do Luso. Esta notícia do Diário de Lisboa data, porém, de 31 de Março, seis dias depois. Como se depreende pela leitura do artigo (que recomendo), o anúncio público da prisão foi precipitado por uma iniciativa dos próprios comunistas, que fizeram publicar um anúncio críptico num jornal portuense (O Primeiro de Janeiro), anunciando que Álvaro Cunhal Duarte se mudara para a rua do Heroísmo (a sede da PIDE no Porto, onde ele estava preso). Vale a pena ler o artigo no original, porque, ao contrário das versões que apareceram depois do 25 de Abril, a redacção do artigo é bastante parcimoniosa quanto à simpatia pelos protagonistas. Por exemplo, de um lado temos «o distinto Inspector Superior da PIDE, sr. capitão José Catela» que, por outro lado, «teve ensejo (...) de lamentar que se perdesse por tão ínvios caminhos um rapaz que poderia ser cidadão prestimoso» (Cunhal). Sintomático de quem seria o vencedor do momento, a inclusão do último trecho do artigo, em que se faz referência a um «comentário» de um «colega»: - «Como é que o general três pontinhos se meteu com esta gente?!» (os comunistas) O «general três pontinhos» era o general Norton de Matos que fora o candidato às eleições presidenciais de 13 de Fevereiro daquele mesmo ano e que desistira no dia anterior ao escrutínio, invocando falta de condições. Não era difícil perceber para onde, na circunstância, penderiam as simpatias do redactor em 1949. E imaginar aquilo em que se transformou este mesmo jornal dali por 25 anos!
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