30 de Maio de 1968. Depois de quatro semanas de acontecimentos que encheram os cabeçalhos de toda a imprensa mundial, um, até aí vacilante, presidente Charles de Gaulle reaparece, anunciando a dissolução da Assembleia Nacional francesa e a realização de eleições legislativas. A intervenção de de Gaulle é rematada por um apelo para que os seus apoiantes promovessem uma manifestação nas ruas de Paris. De uma forma obviamente antecipada e concertada, essa manifestação tem lugar ao fim da tarde desse 30 de Maio e, se na opinião da maioria dos observadores, o poder caíra na rua ao longo desse mês, é também dessa rua que a direita sociológica gaullista o vai agora resgatar, derrotando o movimento estudantil no seu próprio terreno. Não é por acaso que as imagens desse dia exibirão, para além de gigantesca moldura humana (fotografia abaixo), as desocupações das ocupações que haviam sido realizadas anteriormente pelos estudantes ou a substituição das bandeiras vermelhas de Maio por bandeiras tricolores. Depois de nove milhões de grevistas terem paralisado a França em 25 de Maio, o governo recuara até onde pudera, assinando os Acordos de Grenelle no dia 27, mas o verdadeiro epílogo dramático de Maio de 1968, são os acontecimentos de há precisamente 50 anos, esta vitória da rua e na rua de uma maioria sociológica dos franceses, vitória essa que o resultado das urnas de 23 e 30 de Junho se encarregará posteriormente de confirmar. Se os verdadeiros românticos gostam de desfechos trágicos, os nostálgicos do Maio de 1968 que estiveram metaforicamente do outro lado da barricada destes gaullistas não parecem gostar de tais desfechos, pois as suas narrativas, sendo muito ricas em evocações, raramente são metodicamente cronológicas até ao fim do mês.
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