Gosto bastante desta cena de Analyse That (2002), pelo seu equilíbrio. Embora se reconheça a atitude destemperada da personagem de Robert de Niro, um antigo gangster a tentar adaptar-se a uma vida honesta, no caso vendendo (pessimamente) automóveis, é difícil não antipatizar simultaneamente com o pedantismo do casal de clientes. Assim não se vendem automóveis mas, se tal fosse possível, os vendedores prefeririam não ter de os vender a clientes como aqueles, que abusam do seu estatuto.
«- Olhem para o tamanho desta mala. Cabem três cadáveres lá dentro!
- ...?
- Estava a brincar. Estava a aligeirar a situação.
- Ok. Obrigado. Ficámos a saber.
- Qual é o seu carro actualmente?
- Agora é um Lexus 430 LS.
- É como um... Toyota.
- É um Lexus...
- 'tá bem, Toyota, Lexus, japoneses, não é verdade? Não nos esqueçamos de Pearl Harbor... De toda a maneira, vamos ao que interessa: querem comprar este carro ou não?
- Não sei. Vamos ter que pensar no assunto.
- O que é que há para pensar no assunto? Disseram-me que tinham gostado dele, fizeram-me para aí umas dez mil perguntas e eu respondi a todas elas, conduziram-no, gostam dele, o que precisam de saber mais?
- Sabe, é uma data de dinheiro e precisamos de tempo para avaliar...
- Avaliar? Então avaliem lá isto: estiveram a chatear-me os cornos durante uma hora, a fazer-me perguntas sobre cada um dos acessórios do carro, «e então a luzinha, e mais isto, e aquilo?»...
- Não pode falar assim aos clientes.
- Vocês não são clientes, se quer que lhe diga. Querem comprar o carro ou não?
- A si não. Quero ver o gerente.
- Quer ver o gerente? Eu mostro-lhe o gerente. (Segura nos genitais) Aqui está o gerente. Aqui está o homem com querem falar. O que é que eu faço? - põe-nos na rua! - Ouviram-no? Ele acabou de dizer para os pôr na rua. Ele é que é o boss - Eles que arranjem um Honda.»
Paradoxalmente, nesta altura da cena e perante tanta xenofobia automobilística, percebe-se que o automóvel que de Niro tinha estado a tentar vender é um Audi, marca de origem alemã.
«- Olhem para o tamanho desta mala. Cabem três cadáveres lá dentro!
- ...?
- Estava a brincar. Estava a aligeirar a situação.
- Ok. Obrigado. Ficámos a saber.
- Qual é o seu carro actualmente?
- Agora é um Lexus 430 LS.
- É como um... Toyota.
- É um Lexus...
- 'tá bem, Toyota, Lexus, japoneses, não é verdade? Não nos esqueçamos de Pearl Harbor... De toda a maneira, vamos ao que interessa: querem comprar este carro ou não?
- Não sei. Vamos ter que pensar no assunto.
- O que é que há para pensar no assunto? Disseram-me que tinham gostado dele, fizeram-me para aí umas dez mil perguntas e eu respondi a todas elas, conduziram-no, gostam dele, o que precisam de saber mais?
- Sabe, é uma data de dinheiro e precisamos de tempo para avaliar...
- Avaliar? Então avaliem lá isto: estiveram a chatear-me os cornos durante uma hora, a fazer-me perguntas sobre cada um dos acessórios do carro, «e então a luzinha, e mais isto, e aquilo?»...
- Não pode falar assim aos clientes.
- Vocês não são clientes, se quer que lhe diga. Querem comprar o carro ou não?
- A si não. Quero ver o gerente.
- Quer ver o gerente? Eu mostro-lhe o gerente. (Segura nos genitais) Aqui está o gerente. Aqui está o homem com querem falar. O que é que eu faço? - põe-nos na rua! - Ouviram-no? Ele acabou de dizer para os pôr na rua. Ele é que é o boss - Eles que arranjem um Honda.»
Paradoxalmente, nesta altura da cena e perante tanta xenofobia automobilística, percebe-se que o automóvel que de Niro tinha estado a tentar vender é um Audi, marca de origem alemã.
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