11 de Maio de 1818. Há precisamente duzentos anos, na Catedral luterana de São Nicolau em Estocolmo, tinha lugar a cerimónia da coroação do rei Carlos XIV da Suécia. Numa Europa que só muito recentemente saíra das vicissitudes das Guerra Napoleónicas, este evento caracterizado pelo seu tradicionalismo distinguia-se de outros equivalentes por vários factores. O primeiro desses factores é que o novo monarca sueco (e norueguês) não tinha qualquer parentesco com o seu antecessor: fora adoptado. O segundo factor anómalo, é que o adoptado só o fora quando já contava 47 anos. Um terceiro factor bizarro, numa época em que isso ainda era considerado muito importante, é que o novo rei era de ascendência plebeia: nascera em Pau a 26 de Janeiro de 1763 com o nome de Jean Baptiste Bernadotte, o filho de um pequeno funcionário judicial. Um quarto factor, como se deduzirá pelo seu nome e pelo local de nascimento, é que o novo rei nascera francês. Um quinto factor, é que o rei começara a sua carreira no exército (francês) com a patente de soldado. Mas foi só a Revolução Francesa que lhe permitiu uma ascensão que culminou no posto de Marechal de França aos 41 anos. O novo rei da Suécia era um arrivista, um assumido "parvenu". E como sexto e último factor exótico naquela coroação, provavelmente em agradecimento pelas oportunidades que lhe haviam sido propiciadas por esses tempos revolucionários, corria o rumor que o novo rei mandara tatuar em si, nessa outra época em que fora jovem, uma tatuagem com os dizeres «Morte aos Reis!». Não deve ter havido muitos monarcas que carregaram consigo um apelo à sua própria extinção como classe... A dinastia Bernadotte ainda hoje reina na Suécia na pessoa de Carlos XVI. O sucesso desta incorporação de um plebeu francês, porém competente e ambicioso, e transformá-lo em monarca bem sucedido de um país estranho, é um desmentido completo daqueles princípios arcaicos das monarquias de direito divino.
http://www.faktoider.nu/bernadotte_eng.html
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