Foi hoje ao almoço, num instante desastrado, que o cogumelo panado acabou no chão da esplanada, destacando-se dos seus irmãos que (ainda) jaziam obedientes no prato. O comensal rodou um rápido olhar atento e temeroso pelas redondezas, para se certificar que mais ninguém se apercebera do incidente. E não. Os humanos não. Mas não terá sido de imediato, mas foi certamente mais célere do que o serviço deles, humanos, algo demorado em hora de ponta, que três pombos, de ar anafado e aspecto de que estariam entre si («chez eux»), se aproximaram decididos do embaraçoso boleto para o debicarem animadamente à vez, num exercício que, não fora serem pombos, pelo ritmo diligente, bem poderia ser descrito como uma alegre patuscada. Num minuto, ou pouco mais, fora feito mais um serviço à causa do ambiente. Ou não, já que não se pode excluir que o cogumelo panado se arrisque a reaparecer, transmutado, em cima de algum pára-brisas de automóvel. E eu dei por mim a pensar o que fora feito dos pombos clássicos, aqueles que eram alimentados pelas carcaças das avozinhas. Quem vigia o colesterol e os triglicéridos desta evolução genética?
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