27 maio 2018

A TERCEIRA BATALHA DO AISNE

27 de Maio de 1918. Desde a 01H00 da manhã os I e VII exércitos alemães desencadeiam um nutrido fogo de artilharia sobre as posições francesas do VI exército. Apesar da designação e do comandante, o general Duchêne, três das oito divisões que o compõem são britânicas, ali colocadas para recuperar de combates anteriores naquela Primavera, já que aquele sector da frente era considerado calmo e improvável um ataque alemão. As cerca de 4.000 peças de artilharia, que emudeciam as 1.000 que os franco-britânicos tinham para lhes opor e mostravam que as avaliações da 2ª Repartição do GQG sobre as intenções do inimigo haviam estado totalmente erradas. Pelas 03H30 segue-se o ataque da infantaria, 17 divisões de Stoßtruppen que conferem aos assaltantes uma superioridade numérica que torna as ofensivas de 1918 completamente distintas dos assaltos às trincheiras canónicos dos anos precedentes, onde os defensores dispunham de todo o tempo para reagir, guarnecer as metralhadoras e abater os assaltantes expostos na no man´s land. Agora os assaltantes aproveitam-se da escuridão da noite para submergir as trincheiras, neutralizando quem se oponha, e partindo rapidamente em direcção ao próximo objectivo, ainda mais à retaguarda. O mapa acima mostra a evolução da frente ao longo do dia 27 de Maio de há cem anos, desde o traçado inicial, a vermelho, com as posições sucessivas, à alvorada, ao meio dia e ao pôr do sol. No fim do dia, os alemães estavam sobre o rio Vesle, a 15 km das trincheiras de onde haviam partido.
Como aconteceu com a divisão portuguesa em La Lys, também as grande unidades visadas pela ofensiva alemã tinham sido aniquiladas: da 22ª divisão francesa contavam-se 300 homens, da 61ª divisão uns 800 e da 157ª divisão 1.200. Para referência, uma divisão, conforme o seu grau de desgaste devido aos combates, teria originalmente entre 10 a 15.000 homens. A 50ª divisão britânica, pelo seu lado, cingia-se apenas a 1.400 homens . Os britânicos, sempre sacanas na habilidade em atribuir aos aliados a responsabilidade pelos desastres militares quando sofridos em conjunto, neste caso atribuindo à inabilidade táctica de Duchêne a causa para a hecatombe deste primeiro dia da terceira Batalha do Aisne, tiveram (merecidamente) nesse dia a duvidosa honra de produzir o prisioneiro de guerra de mais alta patente a ser capturado, o brigadeiro-general Hubert Rees, comandante da 150ª brigada (acima). Com apenas 36 anos, Rees era apenas capitão em Agosto de 1914, quando chegara a França, comandando uma simples companhia, mas, as circunstâncias de guerra, conjugadas também com a sua competência, haviam feito que tivesse sido sucessivamente promovido às quatro patentes superiores nos anos de guerra que se seguiram: major, tenente-coronel, coronel, brigadeiro. Naquele dia de há cem anos, porém, toda a veterania e o profissionalismo de Hubert Rees foram inúteis. À laia de compensação, podemo-lo ver, ao infeliz brigadeiro Rees, no dia seguinte, a ser entrevistado pelo próprio Kaiser Guilherme II, numa visita de inspecção que este fez para acompanhar a ofensiva alemã. Mas, para quem esteja interessado, existe este vídeo abaixo (com a duração de 11 minutos), com a versão animada da batalha.

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