15 de Maio de 1943. Com a Segunda Guerra Mundial ao rubro, a III Internacional (conhecida por Komintern) anuncia em Moscovo - where else?... - a sua auto dissolução. Segundo se podia ler no documento que a anunciava: «O papel histórico da internacional comunista, organizada em 1919 como resultado do colapso político da maioria esmagadora dos antigos partidos operários de antes da Grande Guerra, consistiu em preservar os ensinamentos do Marxismo da vulgarização e distorção que fosse cometida por elementos oportunistas dentro do movimento trabalhador. (...) Mas muito antes da guerra (nota: a Segunda Guerra), tornou-se crescentemente mais claro que, à medida que a situação interna e internacional de cada país se tornava mais complicada, a solução dos problemas do movimento trabalhador de cada país individualizado, recorrendo a um Centro internacional se iria deparar com dificuldades cada vez mais acrescidas.» Se invocar assim as especificidades nacionais e a inabilidade de uma organização multinacional para lidar com elas serviu de explicação para a dissolução da III Internacional em 1943, aceite-se que essa mesma explicação poderia ter servido para o mesmo propósito em 1933 ou em 1923. Era inverosímil. A explicação hoje admitida para este gesto de dissolver uma organização que projectava o poder da União Soviética para lá das suas fronteiras, terá sido a intenção de Estaline de aplacar circunstancialmente as desconfianças dos seus aliados anglo-saxónicos quanto às intenções imperialistas soviéticas. Tanto assim que, não as tendo aplacado, dali por apenas quatro anos, em 1947, ressuscitou uma outra organização considerada herdeira da III Internacional na sua função de fazer as organizações comunistas de todo o mundo marchar ao ritmo. Há 75 anos dissolvera-se o Komintern, mas viria a ser substituído pelo Kominform.
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