07 maio 2018

O TRATADO QUE NÃO VALEU

7 de Maio de 1918. Em Bucareste, no palácio real de Cotroceni, pelas 11H00 da manhã e com toda a formalidade, uma Roménia humilhadamente vencida assinava um Tratado que era uma rendição aos interesses dos Impérios Centrais. Na fotografia acima, vê-se o primeiro-ministro romeno de então, Alexandru Maghiloman, a assinar o documento de capitulação e no mapa abaixo, vêem-se as cedências territoriais a que a Roménia se comprometia. Valha a verdade que a maior parte do país já há meses que estava militarmente ocupado por alemães, austro-húngaros e búlgaros. Outra cláusula humilhante é que a Roménia se comprometia a ceder à Alemanha a exploração dos seus campos petrolíferos por 90 anos (até 2008!). Considerada a sua impotência, o instrumento diplomático de que a Roménia se serviu foi o de deixar a formalização do assunto arrastar-se o mais possível. A obrigatória ratificação do Tratado pelo parlamento romeno tomou-lhes quase dois meses, até Julho de 1918, quando o curso da guerra já se tornara claramente desvantajoso para os alemães e seus aliados. E depois foi ao rei Fernando I da Roménia (por sinal, alemão de origem, e, por curiosidade, neto da rainha Maria II de Portugal) que incumbiu a tarefa de se esquecer de lhe apor a assinatura final. Foi graças a estes expedientes que dali por seis meses, em Novembro de 1918, por ocasião do Armistício, a Roménia conseguiu argumentar que a sua rendição ainda não fora burocraticamente validada, e transferir-se, com um golpe de rins, para o lado dos vencedores. Também em política externa não há moral.

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