Publicado originalmente em 1936, o famoso livro «Como fazer amigos e influenciar pessoas» terá sido o livro de auto-ajuda por excelência das gerações que a ele recorreram pelo resto do século XX. Foram vendidos mais de 50 milhões de exemplares. Mas, se tivesse que eleger o livro de auto-ajuda mais promissor para o nosso século XXI apostaria neste (ficcional): «Como evitar tudo - a irresponsabilidade ao alcance de todos». Coerentemente, e ao contrário de Dale Carnegie, o autor do potencial «best-seller» não se assume. Mas cada vez que nos deparamos com uma figura pública com relutância em assumir as suas responsabilidades, descobre-se mais um dos seus leitores...
O EXEMPLO DO DIA
Porque a descrição está um pouco abstracta em demasia, escolhi um exemplo de hoje, fresquíssimo como peixe de lota, de um desses comportamentos inconsequentes, de quem evita tudo e acha que o que acontece não se aplica a si próprio: Luís Montenegro, a comentar na TSF o escândalo do dia, quando se descobriu que o ministro Siza Vieira (quem?...) acumulara o cargo com a gerência de uma empresa imobiliária. Em primeiro lugar, o enfâse crítico de Montenegro para com a ignorância de Siza Vieira é surpreendente para quem se recordar de como Montenegro se comportou quando de uma outra distracção, mas essa de Pedro Passos Coelho e a respeito de uns pagamentos à Segurança Social, aqui há coisa de uns três anos. Essa, pelos vistos, era "concebível". Mas isso será o menos: ainda há seis semanas, fora o próprio Montenegro a ser o protagonista do escândalo do dia, quando se soubera que o seu escritório de advogado tinha tido e mantinha uma relação muito próxima com duas autarquias PSD da região. Será que Montenegro está convencido que o conhecimento dessa moscambilha, a si, pessoalmente, o terá robustecido politicamente para comentar de cátedra o que acontece aos outros?
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