Sérgio Sousa Pinto é um exemplo do que é um bom político português: além da ambição, é alguém que pensa sozinho, tem ideias originais e tem aquela habilidade indispensável a um político para se pôr a jeito, já que a ascensão até ao lugar que ambiciona dependerá muito mais das circunstâncias do que dos seus (indiscutíveis) méritos. Terá sido, aliás, por isso que Sérgio Sousa Pinto se pôs a dar esta entrevista de hoje à Rádio Renascença e ao Público, em antecipação ao próximo congresso do PS, para fazer-se oportunamente lembrado e para ali ser acolhido com uma chusma de microfones que lhe vão perguntar as perguntas estupidamente previsíveis (e irrelevantes) do costume, às quais ele vai responder desdenhosamente (acima, a mesma cena no congresso anterior). Não parece, mas ele precisa que os microfones lá apareçam. O conteúdo da entrevista vai também no mesmo sentido: é um acerto de contas com quem neste momento controla o PS para se demarcar como alternativa futura, embora haja aspectos em que me parece que a sua atenção com as rivalidades internas do partido, o faça esquecer o que acontece com o resto da sociedade. É o caso da metáfora que David Dinis recuperou para título da entrevista no seu jornal (acima). Sendo imaginativo, parece-me mais do que excessivo comparar José Sócrates a um cristão-novo que tivesse sido vítima da inquisição.
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